Avaliação do efeito de diferentes doses dos macronutrientes sob o desenvolvimento e produtividade do feijão-fava cultivada em Latossolo Amarelo e Neossolo Quartzarênico no município de Bom Jesus, Piauí.
Macronutrientes, Micronutrientes, Cerrado, Matrix baconiana
O feijão-fava é uma das cinco espécies cultivadas do gênero Phaseolus (SANTOS et al., 2002) e a segunda mais importante depois do feijão comum (Phaseolus vulgaris). Possui larga distribuição na América Latina, na região dos Estados Unidos, no Canadá e em muitas outras regiões (MELO, 2005).
No Brasil, a preferência do feijão-fava é pelos grãos maduros, secos e cozidos, ou ainda verdes (OLIVEIRA et al., 2004; MELO, 2005). No entanto, quando comparado a outras espécies do gênero Phaseolus seu consumo é relativamente menor (VIEIRA, 1992). Acredita-se que as principais razões para este baixo consumo estejam atreladas principalmente ao paladar mais exótico e seu tempo de cocção ser mais longo (LYMMAN, 1983), sendo as duas ultimas características influenciadas pela presença de fatores anti-nutricionais e de toxinas (HCN), que atribuem ao feijão-fava um sabor amargo, necessitando realizar alguma prática de eliminação do HCN antes do seu consumo (pré-cozimento) (DOMINGUEZ et al., 2002), o que dificulta seu preparo no dia-dia.
Apesar de ser cultivado em quase todas as regiões do Brasil e de apresentar capacidade de adaptação superior ao feijão-comum (SANTOS et al., 2002), é na região Nordeste, responsável por 82% da produção, que estão os principais produtores, destacando o estado da Paraíba, (considerado o maior produtor), seguido de Pernambuco, Ceará e Piauí (IBGE, 2010).
Na região Nordeste, o feijão-fava é uma excelente alternativa para o consumo popular, destacando-se no setor agrícola por ser considerada mais uma alternativa de renda para pequenos e médios produtores e importante fonte de proteína para população da região (PEGADO et al., 2008). Além disso, esta leguminosa possui outras utilizações, pois ainda pode ser usada para consumo animal, adubação verde ou cultura de cobertura para proteção do solo (VIEIRA, 1992; ALCÂNTARA, 1998; PEGADO et al., 2008).
Apesar de ser um cultura bastante promissora e com muitas utilidades, o seu cultivo ainda é praticado por pequenos produtores (agricultura familiar) em locais de difícil acesso, nos quais são adotados os métodos mais tradicionais de plantio e cultivo, o que tem contribuído, entre outros fatores, para o baixo rendimento por unidade de área. A produtividade média dessa granifera tem sido um dos principais pontos negativos do seu cultivo. Os números mostram que, mesmo nos estados com maiores produções a média de produtividade alcançada chega a pouco mais de 400 kg ha-1 (IBGE, 2010), enquanto que, diversos trabalhos de pesquisa cientifica mostram que essa produtividade pode variar de 1,0 a mais de 3 t ha-1 (VIEIRA, 1996; SANTOS et al., 2002; ALVES et al., 2008).
Assim, na busca por tecnologias que vise aumentar a produtividade do feijão-fava, a nutrição vegetal surge no cenário agrícola como forte aliada, podendo ser disponibilizada através da própria atmosfera ou via solo. Entretanto, de acordo com MEURER (2007), muitos solos por si só, não tem reservas nutricionais suficientes para satisfazer todas as necessidades dos vegetais, fazendo-se obrigatório a reposição desses nutrientes. Um dos métodos mais difundido atualmente é a utilização de fontes minerais, ou seja, de adubos industrializados.
Os nutrientes presentes nos adubos minerais são de fundamental importância para o crescimento e desenvolvimento das culturas, participando de inúmeros processos metabólicos (CIANCIO, 2010). Dentre os nutrientes absorvidos pelas plantas alguns são demandados em maiores quantidades como o nitrogênio (crescimento vegetativo, formação de gemas floríferas e frutíferas, aminoácidos, proteínas, clorofila), o fósforo (constituinte de ácidos nucléicos, participa da divisão celular, respiração, síntese de substâncias orgânicas, desenvolvimento do sistema radicular), o potássio (controle estomático – fotossíntese, economia de água, atua no mecanismo de proteção e ativação de enzimas), cálcio (parede celalar, desenvolvimento radicular, crescimento apical), magnésio (fotossíntese – clorofila) e o enxofre (enzimas) (FILGUEIRA, 2000; FERNANDES, 2006; MALAVOLTA, 2008), assim denominados por macronutrientes.
Muitos autores OLIVEIRA, (1982); SILVA, (2006); ALVES, (2008); TAIZ; ZEIGER, (2009) relatam, baseado em resultados de pesquisa, que na produção agrícola os altos rendimentos (produtividade) estão inter-relacionados com o uso de fertilizantes minerais, isto, porque os fertilizantes minerais estão prontamente disponíveis para as culturas, diferentemente da adubação orgânica que caracteriza-se por liberação lenta, o que é indesejável em produções agrícolas anuais.
Além disso, os tipos de solos predominante no Cerrado são caracterizados por baixa fertilidade natural, tornando-se um fator limitante para o desenvolvimento agrícola sem adoção de um manejo adequado de nutrição e adubação mineral.
Assim, a elaboração de um programa de adubação para uma cultura com grande potencial agrícola na região, neste caso o feijão-fava, é de suma importância. Pois, além dos fatores produtivos incentivará e subsidiará pequenos e médios agricultores da região.