ANÁLISE MOLECULAR E CONSIDERAÇÕES FILOGENÉTICAS DO Dengue virus
Dengue virus, Sequenciamento, Rota de introdução
O Dengue virus possui uma extensa diversidade genética que se manifesta na existência de quatro sorotipos virais (DENV 1-4), estes ainda se subdividem em genótipos e linhagens. O genoma viral é um RNA de fita simples, que produz três proteínas estruturais (C, prM e E) e sete não estruturais (NS1, NS2A, NS2B, NS3, NS4A, NS4B e NS5). A proteína de envelope (E) interage diretamente com o sistema imune do hospedeiro, por esta razão o gene E possui a maior taxa de mutação entre os flavivirus, análises desse gene permitem acompanhar a evolução viral. As variações genéticas do vírus tem implicações na replicação eficaz, na virulência e no potencial epidêmico. A inserção de um novo sorotipo, genótipo ou linhagem em uma determinada região pode levar ao desenvolvimento de epidemias, inclusive associadas a quadros graves. O sequenciamento viral para identificação e monitoramento do DENV permite a previsão de epidemias e auxilia no estabelecimento de medidas de controle. O RNA viral foi extraído e utilizado como molde para reação de RT-PCR. Na amplificação dos produtos foram utilizados iniciadores específicos para os genes C/prM e E. Os sorotipos foram identificados conforme o tamanho padrão de bandas obtido a partir da eletroforese em gel de agarose. Amostras de DENV-4 foram purificadas e sequenciadas pelo método de Sanger (1977), as sequências obtidas foram alinhadas e comparadas quanto ao grau de identidade entre os isolados e sequências depositadas no GenBank. Uma árvore filogenética foi construída através do programa PhyML v.3.1, por análise de Máxima Verossimilhança. A partir das análises foram identificados os quatro sorotipos circulantes no Estado, o que reflete o padrão hiperendêmico do país, isso coloca o Piauí em situação de risco, pois a circulação de múltiplos sorotipos é um fator predisponente para o desenvolvimento de epidemias e formas severas, essa característica tem sido relatada de maneira crescente no país, sobretudo nas faixas etárias mais jovens. O sequenciamento de amostras locais de DENV-4 circulantes em 2012, revelou que elas pertenciam ao genótipo II, semelhante ao que foi descrito em diversas regiões do Brasil. Estas encontram-se próximas as sequências que correspondem as primeiras identificações da reintrodução do DENV-4 no país, em 2010, através do Estado de Roraima. As amostras ainda se agruparam próximas a sequências identificadas em São Paulo, Minas Gerais, Pará e Amazonas, o que reafirma a ideia que após sua reintrodução por Roraima o vírus se dispersou para as demais regiões do país. No mesmo subclado estão diversas amostras da Venezuela, Porto Rico e Colômbia, reforçando a hipótese que este vírus se originou no Caribe e chegou ao Brasil por Roraima a partir da Venezuela. A rota Caribenha é conhecida como importante via de entrada de novos vírus na América do Sul e consequentemente no Brasil, diversos sorotipos DENV e suas linhagens são apontados para terem sido introduzidos no país através dessa rota. Estudos de monitoramento da inserção e circulação viral, bem como a caracterização molecular dos DENV são de fundamental importância, sobretudo em regiões endêmicas como o Estado do Piauí.