Associação entre o uso abusivo do álcool e polimorfismos nos genes DRD2, SLC6A3 e 5HT2A em uma população do nordeste brasileiro
Alcoolismo, sistema de recompensa cerebral, dependência química, genética.
O uso abusivo do álcool é um importante problema de saúde pública no âmbito mundial. No Brasil sua prevalência é estimada entre 3% a 10% para a população geral, sendo a região nordeste do país responsável pela maior parte deste cenário. Pesquisas confirmam a existência de um componente genético na herdabilidade ao alcoolismo por cerca de 50-70%. Genes que codificam alguns neurotransmissores das vias do circuito de recompensa cerebral (sistema dopaminérgico, serotoninérgico, adrenérgico, monoamino-oxidase entre outros) estão envolvidos nos níveis de respostas ao álcool, modulando as características relacionadas ao uso abusivo e/ou dependência desta substância. Dentre esses genes têm-se destacado os polimorfismos genéticos na via dopaminérgica, como o 3' UTR VNTR no gene transportador de dopamina DAT (SLC6A3) e a Taq1A no gene do receptor de dopamina do tipo D2 (DRD2) e na via serotoninérgica a exemplo do polimorfismo T102C no gene receptor de serotonina (5HT2A). Sendo assim, o objetivo deste estudo será investigar a associação do uso abusivo do álcool com os polimorfismos dos genes neurotransmissores DRD2, SLC6A3 e 5HT2A, por meio de um estudo caso-controle em parte da população da região nordeste do Brasil, buscando identificar subpopulações mais suscetíveis à dependência alcoólica. A análise destes polimorfismos será realizada pela técnica de PCR-RFLP e os resultados da genotipagem e frequências alélicas serão submetidos aos testes do qui-quadrado (x2), exato de Fisher e odds ratio (OR) adotando-se o nível de significância p < 0,05, devendo também encontrar-se em equilíbrio de Hardy-Weinberg. Os dados preliminares deste estudo foram realizados com 62 indivíduos alcoolistas e 63 controles para o polimorfismo 3' UTR VNTR do gene SLC6A3 e mostraram diferenças na distribuição dos genótipos (p<0,03) e dos alelos (p<0,009) entre controles e alcoolistas sugerindo possível associação do genótipo A10/A10 para o uso abusivo do álcool.