A doença do refluxo gastroesofágico (DRGE) é uma condição prevalente que causa erosão da mucosa esofágica devido ao refluxo gástrico, afetando significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Tratamentos convencionais como inibidores da bomba de prótons e bloqueadores H2 são eficazes, mas podem causar efeitos adversos graves. Em busca de alternativas terapêuticas seguras e eficazes, este estudo investigou o potencial da Spirulina (Arthrospira platensis), uma cianobactéria rica em compostos antioxidantes e anti-inflamatórios, no tratamento da esofagite erosiva. O objetivo foi avaliar o efeito esofagoprotetor da Spirulina em ratos com esofagite erosiva induzida cirurgicamente. A cepa de Spirulina foi cultivada e preparada para uso experimental. Ratos machos Wistar foram divididos em grupos controle (sham), tratados com salina, e suplementados com Spirulina na dosagem de 500 mg/kg durante 8 semanas. Após a indução da esofagite erosiva, os animais foram avaliados quanto a parâmetros de inflamação, estresse oxidativo e dano tecidual. Ao final da 10a hora de cirurgia, os animais apresentaram edema esofágico, com aumento do peso úmido (114,4 ± 10,17 mg/cm) em comparação ao grupo sham (30,68 ± 2,53 mg/cm). A suplementação com Spirulina por dois meses reduziu (p<0,01) o edema esofágico, conforme medido pelo peso úmido (60,50 ± 4,71 mg/cm). Verificou-se que os animais com esofagite erosiva apresentaram inflamação na mucosa esofágica, evidenciada pelo aumento de edema, MPO e MDA. Houve um aumento significativo (p<0,05) de MPO no grupo submetido à indução cirúrgica (EE – 37,35 ± 6,62 U/mg de tecido) em comparação ao grupo sham (9,40 ± 2,71 U/mg de tecido). Os animais tratados com Spirulina mostraram redução dos níveis de MPO (14,25 ± 3,23 U/mg de tecido). Observou-se também um aumento significativo (p<0,01) nos níveis de malondialdeído (MDA) (501,2 ± 72,16 mmol/g de tecido) no grupo com esofagite erosiva em comparação ao grupo sham (112,7 ± mmol/g de tecido). O tratamento com Spirulina (500 mg/kg) resultou em uma diminuição significativa nas concentrações de MDA (137,9 ± mmol/g de tecido), sugerindo menor estresse oxidativo nos animais tratados com Spirulina em comparação aos controles. Esses efeitos podem ser atribuídos às propriedades antioxidantes da Spirulina, que neutralizam espécies reativas de oxigênio e protegem contra o dano oxidativo celular. Portanto, fica evidente que a Spirulina possui um potencial terapêutico promissor para o tratamento da esofagite erosiva, oferecendo uma alternativa segura aos tratamentos convencionais. Novos estudos são necessários para validar esses achados e explorar ainda mais o mecanismo de ação da Spirulina em condições inflamatórias do trato gastrointestinal.