Cryptococcus é um gênero fúngico com distribuição mundial, composto por mais de 38 espécies, sendo C.
neoformans a principal espécie causadora de infecção em seres humanos. A criptococose acomete
principalmente indivíduos que convivem com HIV/AIDS e a manifestação clínica mais comum nesses casos é a
meningite criptocócica. O tratamento antiúngico disponível na atualidade é limitado e se resume a poucas
drogas, que geralmente exibem efeitos colaterais indesejáveis e ainda, podem induzir a resistência. Dentro
desse contexto, objetivou-se realizar a fitoquímica qualitativa e avaliar a atividade antifúngica de extratos de
folhas de espécies de Fabaceae, Podoi (Copaifera langsdorffii), Jatobá (Hymenaea courbaril) e Jucá (Libidibia
ferrea), além de realizar a docagem molecular utilizando compostos identificados nas folhas desses vegetais e
verificar a energia de ligação destes com a proteína fúngica, a calcineurina. Os extratos apresentaram a
presença de alcaloides, açúcares redutores, ácidos orgânicos, flavonoides, fenois e taninos, flavonas,
polissacarídeos e saponinas. Foi demostrada atividade antifúngica dos extratos por meio do teste de
microdiluição em caldo contra duas amostras de C. neoformans, uma de origem ambiental e outra clínica,
apresentando concentração inibitória mínima (CIM) variando entre 61,2 a 500μg/mL-1.. A docagem molecular
utilizando alguns dos componentes presentes nas folhas de jucá, jatobá e podoi com a proteína 6TZ8
(calcineurina) revelou ótimos parâmetros de afinidade molecular. Em destaque a interação entre o ligante
quercetina-3-O-glicosídeo com a proteína 6TZ8 foi observada energia de ligação igual a -7.4 kcal.mol-1 e uma
constante de inibição de 3.76 uM. Os resultados da prospecção fitoquímica somados com os resultados da
docagem molecular, sugerem que as possíveis ações farmacológicas desta espécie sejam direcionadas pelos
metabólitos secundários descritos no presente estudo.