Montrichardia linifera (Arruda) Schott, conhecida popularmente como aninga é uma macrófita aquática
muito utilizada pela população e apresenta atividades antibacteriana, antioxidante, antiplasmódica,
inseticida, antimalárica e antileishmania. Embora possua diversos estudos comprovando tais atividades
biológicas, estudos químicos identificando seus constituintes ainda são muito recentes e preliminares,
abrindo espaço para uma análise rigorosa dos constituintes químicos dessa planta. Logo, o objetivo dessa
pesquisa foi realizar a prospecção fitoquímica e caracterização dos compostos químicos presentes nos
extratos obtidos a partir das folhas de Montrichardia linifera e avaliar a atividade antiparasitária. A
princípio realizou-se uma prospecção científica e tecnológica nas bases de patentes INPI, EPO, USPTO e
DII, e artigos científicos nas bases Scielo, Pubmed, Bireme, Scopus, Web of Science e Science Direct de
2012 até 2022. O potencial antiparasitário foi avaliado quanto a sua atividade antihelmíntica e
antileishmania através de ensaios in vitro e in silico. O estudo fitoquímico do extrato acetato de etila
(EAEML) foi realizado para identificação dos constituintes majoritários por meio de cromatografia líquida
de alta eficiência (CLAE) e cromatografia líquida acoplada à espectrometria de massas (EM). Para avaliar
o comportamento molecular de ligações proteínas alvo foram utilizados cálculos de docagem molecular
dos constituintes anteriormente identificados na EM (quercetina, corilatina, quercetina 3-O-hexosídeo e
kaempferol 3-O-hexosídeo), com as proteínas de Leishmania major (1e7w, 4a30 e 5g20), Leishmania
braziliensis (4kpc) e Leishmania infantum (2jk6). Analisando as patentes depositadas nas bases utilizando
o descritor “Montrichardia linifera” obteve-se cinco patente indexadas nas diferentes bases
tecnológicas, para o mesmo descritor foram identificados um total de cinquenta artigos publicados.
Quanto a análise da prospecção fitoquímico mostrou a presença de taninos, flavonoides, esteroides,
cumarinas e saponinas no extrato testado. Por meio do (CLAE) acoplada a (EM), detectou-se que o
EAEML apresentou grande complexidade e diversidade na matriz avaliada pelo grande número de picos
eluídos ao longo da corrida cromatográfica. Os resultados obtidos para a atividade antihelmíntica dos
extratos contra S. mansoni mostraram que EAML e EAEML eliminou 100% dos vermes machos e fêmeas a uma concentração de 50 mg/mL em 72 horas, além de reduzir atividade motora logo nas primeiras 48horas. Tais resultados corroboraram com análises realizadas através da Microscopia de Força Atômica,onde edema foi visível no tegumento helmíntico sendo este parâmetro considerado um indicador de estresse na mucosa do parasita provocando a morte. Já para a atividade antileishmania o extrato EAML na concentração de 100 µg/mL apresentou CI50 de 72,62 μg/mL e CI50 de 20,30 μg/mL para formas promastigotas L. brasiliensis e L. major, respectivamente. Estudos realizados por meio de docagem molecular com compostos identificados na EM foi possível observar a melhor afinidade molecular, a enzima Pteridina redutase 1 (1e7w) alvo extraído do protozoário L. major, apresentou afinidade para corilagina com energia de ligação de -10.7 kcal mol-1 esses dados corroboram com os resultados obtidos no estudo in vitro, pois a proteína em questão é fundamental na sobrevivência do parasita. Os resultados obtidos no presente estudo, revelam que os extratos das folhas de M. linifera apresentam constituintes associados com atividades biológicas, possibilitando assim, ampliar o isolamento dos compostos majoritários responsáveis pela atividade antiparasitária.