A Doença do Refluxo Gastroesofágico (DRGE) é uma condição
prevalente, que acomete cerca de 20% da população ocidental e pode-se
apresentar com erosões na mucosa, fenótipo conhecido como esofagite
erosiva (EE). Alternativas terapêuticas devem ser consideradas uma vez que o
tratamento padrão falha em todos os fenótipos da doença, incluindo a EE. O
Limoeiro (Citrus C.×limon (L.) Osbeck) apresenta atividades biológicas
reconhecidas, tais como, potencial antibacteriano, antitumoral e antitrombótico.
No entanto, a literatura ainda é escassa sobre as características químicas e
efeitos biológicos promovidos pelo exsudado do limoeiro em sua forma
purificada, a goma do limoeiro (GL). Neste contexto, estudos apontam efeito
benéfico de biopolímeros na DRGE com mecanismos de ação associados à
atividade anti-inflamatória e efeito tópico por adesividade à mucosa esofágica e
laríngea. Com isso, objetivou-se avaliar o efeito protetor da mucosa esofágica
pelo biopolímero da goma do limoeiro (GL), um produto natural obtido do
exsudado de Citrus C.×limon (L.) Osbeck, em ratos com esofagite erosiva. Para
induzir a esofagite erosiva realizou-se uma laparotomia da linha média nos
animais para expor o abdome superior e um fio de nylon 2–0 foi usado para
ligar a junção entre o piloro e o duodeno, bem como o fundo do estômago. Os
ratos foram divididos aleatoriamente em quatro grupos: (1) ratos controle
normais (sham), (2) ratos com esofagite erosiva (EE), (3) ratos EE tratados
alginato comercial (controle) e (4-6) ratos EE tratados com a GL 3; 30 e
90mg/kg, de peso corporal. Os ratos nos grupos 3-6 foram tratados 90 minutos
antes da cirurgia. Após 5h realizou-se a eutanásia onde nessa ocasião os
esôfagos foram dissecados, medidos, pesados e lavados com soro fisiológico
estéril. Posteriormente, foram estirados em um suporte para serem
fotografados com câmera digital para a análise macroscópica através da
análise das fotografias dos esôfagos por planimetria digital com o auxílio do
software ImageJ®. Em seguida, retiraram-se amostras da região distal do
esôfago para a avaliação das alterações histopatológicas e da atividade de
mieloperoxidase (MPO), um marcador secundário de neutrófilos no tecido
inflamado. Enquanto que na região medial foram retiradas amostras para
investigar o perfil de peroxidação lipídica, com as dosagens de malondialdeído
(MDA) e na parte proximal retiraram-se amostras para avaliar atividade de
glutationa reduzida (GSH). De acordo com os dados verificou-se que o pré-
tratamento com 30mg/kg da GL promoveu a diminuição significativa (P<0.05)
dos níveis de MPO e MDA da mucosa esofágica quando comparado ao grupo
EE, além disso, observou-se que os níveis de GSH mantiveram se preservados
quando comparado com o grupo da EE. Nossos resultados apresentam
indícios que a GL consegue proteger a mucosa esofágica, podendo ser
considerado um produto natural promissor à DRGE, contudo, requer estudos
futuros para confirmar e elucidar nossos achados.