O óxido de zinco é um semicondutor, que apresenta uma ampla banda de valência (3.37eV), alta energia de ligação (60eV) e boa estabilidade mecânica e térmica a temperatura ambiente. Além de ser considerado um material seguro pela Food and Drug Administration, é também um mineral essencial à saúde que, quando nanoestruturado, pode apresentar alta atividade mesmo em baixas concentrações. As nanopartículas de óxido de zinco têm encontrado aplicações na indústria química, farmacêutica e cosmética. Nos últimos anos, suas aplicações biomédicas têm-se destacado devido ao seu potencial antimicrobiano. Os métodos utilizados para a obtenção dessas nanopartículas são inúmeros, com destaque aos métodos químicos, devido à sua fácil execução e baixo custo. Entretanto, estes métodos podem levar à formação de subprodutos tóxicos, que não só poluem o meio-ambiente, como também dificultam sua aplicação no setor biomédico. Deste modo, faz-se necessário o uso de agentes ecologicamente corretos que possam ser utilizados para a síntese e funcionalização destas nanopartículas, sem causar tantos impactos. Neste trabalho, nanopartículas de óxido de zinco foram sintetizadas por um método sol-gel, utilizando goma do cajueiro e goma do cajueiro carboximetilada, em diferentes concentrações. A síntese foi confirmada por espectroscopia de absorção na região do UV-visível, revelando a presença de bandas entre 376 nm e 378 nm. A análise por espectroscopia do infravermelho com transformada de Fourier foi utilizada para observar a composição química das nanopartículas e mostrou a presença de bandas com forte absorção em 433 cm-1 e 440 cm-1, cuja presença é associada à representação do modo E2 da estrutura hexagonal (wurtzita) do ZnO. A Microscopia de Força Atômica, por sua vez, permitiu a observação de nanopartículas de formato esférico, bem distribuídas e com um tamanho médio de 216 nm. Além disso, as nanopartículas de óxido de zinco sintetizadas apresentaram potencial antimicrobiano contra bactérias e fungos, mostrando-se mais eficientes contra bactérias gram-positivas e leveduras. Os resultados obtidos por voltametria cíclica mostraram ainda, que as nanopartículas sintetizadas, em associação com o polímero condutor Polianilina, apresentam sensibilidade para a detecção do hormônio neurotransmissor Dopamina, podendo eventualmente ser utilizadas como sensor. Maiores investigações fazem-se necessárias, entretanto, para melhor caracterizar o sensor, bem como elucidar o mecanismo de ação das nanopartículas obtidas no presente trabalho frente a bactérias e fungos.