Os polissacarídeos extraídos das plantas apresentam em sua totalidade uma maior concentração de carboidratos de elevada massa molar, compostos de unidades monossacarídicas conectados por ligações glicosídicas. Logo, é importante destacar que os polissacarídeos ganham destaque devido seu alto peso molecular, o que faz com que estas moléculas despertem grandes interesses, devido a sua variedade. Dessa forma, as gomas podem ser determinadas como substâncias poliméricas com amplo potencial de compor soluções, dispersões com elevada viscosidade chegando à consistência até mesmo de gel, bem como ampliação do seu campo de aplicação, seja essa voltada para indústria química ou farmacêutica. Neste foco, a goma do angico - GA (Anadenanthera colubrina var. Cebil (Griseb.) Altschul), goma do cajueiro – GC (Anacardium occidentale L.), goma do limão – GL (Citrus C.×limon L. Osbeck), foram isoladas caracterizadas quanto as suas caracteristicas fisico-quimicas e estrutura-atividade para fins biotecnolígicos. Para o trabalho com a GA, a mesma foi previamente isolada e quaternizada. Após modificação, a goma quaternizada (GAQ) apresentou um grau de substituição (GS) de 0,22 e potencial Zeta +36,43. Para o teste antifúngico, observou-se que o GA não inibiu o crescimento de fungos. Diversamente, o GAQ inibiu o crescimento e também interagiu com a superfície do fungo, alterando significativamente a nano-rugosidade da parede (medida pela técnica MFA). A afinidade do GAQ pela enzima fúngica 5I33 (adenilossuccinato sintetase) foi demonstrada por acoplamento molecular, todavia, as gomas demostraram baixa citotoxicidade para as células testadas. Portanto, os resultados demonstram que o polímero quaternizado, GAQ, apresentado neste estudo é um biomaterial bastante promissor para aplicações biotecnológicas. Para a CG foi explorado seu perfil antiproliferativo in vitro, primeiramente isolando e caracterizando a goma por análise elementar, cromatografia de permeação em gel, ressonância magnética nuclear (RMN) e microscopia de força atômica (AFM). A massa molar do GC isolado foi da ordem de 103-104 g/mol, traços protéicos presentes. A caracterização de polímeros por RMN identificou sinais correlatos a galactose, glicose, ramnose e grupos ácidos. Três estágios conformacionais distintos foram observados pelo AFM. O impacto do CG na morfologia e viabilidade celular com linhagens celulares tumorais e não tumorais foi estudado por AFM e brometo de 3- (4,5-dimetil-2-tiazol) -2,5-difenil-2-H-tetrazólio (MTT), respectivamente. Uma mudança na morfologia celular foi demonstrada como um aumento da rugosidade da superfície. A atividade antiproliferativa foi confirmada para as linhagens de células cancerígenas HCT116 (carcinoma colorretal), B16F10 (melanoma) e HL60 (leucemia promielocítica). Para a GL, inicialmente o polímero foi isolado, caracterizado quimicamente e quanto a sua biocompatibilidade em células não tumorais (in vitro), em Galleria mellonella e em camundongos pelo método de toxicidade aguda (número de 068/14 comitê de ética). O polímero demonstrou um perfil de arabinogalactana, com pequenos traços de proteína, ressaltando o grau de pureza do isolado. Sua massa molecular varia entre 104-105, com a presença de 6,26 % de grupos ácidos e três eventos distintos de degradação. Nos 3 modelos de toxicidade a GL demonstrou ser um polímero biocompatível, não apresentando muitas variações dos parâmetros medidos quando comparados ao grupo controle. Indicando que a GL pode ser um polímero promissor para a ampliação de seu espectro de aplicações biomédicas e biotecnológicas.