O aguapé (Eichhornia crassipes), planta aquática de ampla disseminação e difícil manejo em muitos países, pode causar danos como dificuldade de navegação na água, irrigação e pesca, além de provocar o bloqueio da luz solar que priva a vida aquática de oxigênio da atmosfera. No entanto, essa planta invasora é amplamente disponível na natureza e capaz de adsorver poluentes, incluindo corantes sintéticos, os quais podem trazer consequências negativas para a saúde humana e o ecossistema aquático. Diante dessa potencialidade, realizou-se um estudo com o objetivo de desenvolver e aplicar biomassa (in natura) e biochar ativado de aguapé como adsorvente do corante azul de metileno (AM) de meio aquoso. Inicialmente, desenvolveu-se um estudo de revisão sistemática da literatura (RSL) com a finalidade de estabelecer os biochars produzidos a partir de resíduos de plantas para adsorção de corantes em meio aquoso encontrados na literatura nacional e internacional. Na segunta etapa, realizou-se uma pesquisa para verificar um destino útil para a quantidade expressiva dessa planta, sendo produzidos dois bioadsorventes (folha e caule do águape) in natura que foram caracterizados. As composições das frações fibrosas foram determinadas e os testes de adsorção foram realizados variando o pH, o tempo e a concentração do corante. Os testes experimentais foram ajustados a diferentes modelos cinéticos e isotérmicos. Por fim, foram realizados os processos de dessorção e reaproveitamento do material. Na terceira etapa, desenvolveu-se dois biochars ativados com cloreto de zinco (folha e caule do aguapé) que também foram caracterizados. Os testes de adsorção também foram efetivados variando o pH, tempo e concentração do corante e os resultados experimentais de adsorção foram ajustados a diferentes modelos cinéticos e isotérmicos. Nessa etapa, objetivou-se analisar a eficiência da remoção do corante azul de metileno em soluções aquosas através do processo de adsorção usando como bioadsorvente o biochar de aguapé ativado quimicamente. Através da RSL evidenciou-se que a maior parte das pesquisas sobre o uso de biochars de partes de plantas foi publicada a partir de 2021, principalmente em países da Ásia Oriental e Meridional, com destaque para China. As plantas mais estudadas foram mandioca, arroz e café, sendo as partes mais usadas casca, caule, folha e palha. Os modelos de adsorção mais citados foram cinética e isotermas. Constatou-se significativa variabilidade da capacidade adsortiva entre os biochars produzidos: entre 0,30 e 735,29 mg g-1 . Na pesquisa em que empregou-se a biomassa in natura, constatou-se que as biomassas de aguapé apresentaram capacidade de adsorção acima de 89%, e que a cinética foi mais rápida para a biomassa de caule. O estudo cinético averiguou que o processo de adsorção é melhor descrito pelo modelo de pseudo-segunda ordem, e os ajustes dos dados experimentais da isoterma indicaram que ambos os materiais são favoráveis à adsorção. No terceiro estudo, que envolveu a aplicação do biochar ativado verificou-se que ambos biochars (caule e folha) removeram a mesma quantidade do corante, aproximadamente 322,58 mg g-1 . A cinética pseudo-segunda ordem e os ajustes dos dados experimentais de isoterma ao modelo de Langmuir, assim como ocorreu na biomassa in natura, foram mais adequados para descrever a adsorção do corante pelos biochars. Conclui-se que as biomassas e biochars desenvolvidos são recursos com potencialidade para serem utilizados na adsorção de corantes em meio aquoso, e excelente perspectiva de produção, frente à quantidade de resíduos gerados.