Mesmo após a abolição, a população afrodescendente em quilombos ainda luta em resistência a diferentes formas de dominação, entre elas, a exclusão social. A partir da década de 1970 os movimentos afrodescendentes fortaleceram as suas organizações na defesa dos valores dessas comunidades, das suas reivindicações por direitos e mais igualdade social. Organizações que constroem pontes entre o desejo e a realidade, como o Instituto da Mulher Negra do Piauí – Ayabás, de Teresina-PI, que em parceria com a Artigo 19, uma Organização Não Governamental sediada em São Paulo-SP, instalaram em 2019 na comunidade Quilombola Periperi, município de Amarante-PI, uma Rede de Comunicação Intranet – RCNet, sem o uso da internet, com objetivo de diminuir a exclusão social, promover a inclusão digital e mais especificamente a demanda por comunicação comunitária (popular local). Diante desse cenário, a pesquisa parte do seguinte questionamento: Quais os impactos percebidos depois da instalação da RCNet no Quilombo Periperi, de acordo com alguns moradores desta comunidade? Para alcançar o objetivo geral da pesquisa, que consiste em compreender os impactos evidenciados na comunidade, de acordo com seus habitantes, após a instalação da RCNet no Quilombo Periperi, foi definido a abordagem de pesquisa qualitativa, e como meio de acesso as informações, a chamada coleta de dados, foram escolhidas entrevistas a serem realizadas através do uso de mensagens via aplicativo WhatsApp, com questões contemplando os elementos objetivos da pesquisa. Apoio de autoras/es como Henrique Antunes Cunha Junior (2012), Ilka Boaventura Leite (1999; 2000), José Luiz Braga (2011), Maria Beatriz do Nascimento (1977; 1985), Paulo Freire (1979; 1981; 1987; 1996), Washington Gurgel (2011) foi fundamental para dialogar sobre os eixos conceituais de Quilombos, Comunicação Popular, Inclusão Digital e Educação nas formas diversas. Suporte também, veio de pesquisadoras/es como Francis Musa Boakari (2013; 2018); Francilene Brito da Silva (2017); Raimunda Nonata da Silva Machado (2018); Ariosto Moura da Silva (2018); Ilanna Brenda Mendes Batista (2019); Ana Beatriz Sousa Gomes (2007) e Antonia Regina dos Santos Abreu Alves (2019) que discutem as temáticas afrodescendentes do Núcleo de Estudos e Pesquisas RODA GRIÔ-GEAfro: Gênero, Educação e Afrodescendência da qual a pesquisadora faz parte. A pesquisa, ainda em curso, se justifica, entre outras, pelas contribuições a comunidade acadêmica e aos demais interessadas/os, pela possibilidade de apresentar a dimensão política/social da comunicação; e por refletir o uso da RCNet como meio de educação não-escolar.