Há vários fatores que podem ser tomados como indicadores da qualidade da educação de um país, estado ou município. Um deles é a equivalência do curso de Graduação do professor à disciplina que ele está lecionando. Na realidade do ensino brasileiro vamos registrar, nas várias dependências administrativas, sobretudo na estadual, na municipal e na privada, professores atuando em turmas para as quais não possuem a formação específica. Abstração feita das causas, esta ocorrência pode estar afetando negativamente a qualidade da Educação Básica em nosso país e o processo de aprendizagem das crianças e jovens brasileiros. Este estudo traz como objetivo, portanto, evidenciar o grau de equivalência entre a formação inicial do docente e a sua turma de atuação na realidade dos anos finais do Ensino Fundamental do município de Teresina-Piauí, organizando uma série histórica do período de 2015 a 2019. Por conta da exigência e necessidade de delimitação temática, elegemos apenas dois componentes curriculares para realizar esta investigação: Geografia e Matemática. O primeiro, para além de ser o componente de minha formação, não somente na graduação, mas também em nível de especialização e de Mestrado, tem um histórico de desvalorização, sendo tratado, frequentemente como disciplina que qualquer um, com um pouquinho de habilidade na leitura pode lecionar; A Matemática foi escolhida por representar uma das disciplinas “estruturantes” conforme definição constante da Lei 9.394/96. Utilizamos como principal fonte de dados a plataforma do Censo Escolar do INEP/MEC em suas várias edições anuais. Procedemos à coleta das informações utilizando como ferramenta básica o IBM Statistical Package for the Social Sciences (SPSS), que nos possibilitou, também a delimitação dos dados, o cruzamento de variáveis e a produção de mais de quarenta tabelas e gráficos, a partir dos quais foram realizadas as descrições e análises. Como resultados obtivemos a confirmação da existência de 20,4% a 24,0% de docentes lecionando em turmas de Geografia sem formação equivalente; e, na Matemática, este percentual variou entre 28,3% e 34,9%,ficando ainda mais evidente a prática de professores lecionarem em turmas alheias à sua formação inicial.