SISTEMAS DE VETORIZAÇÃO/LIBERAÇÃO DE EXTRATOS VEGETAIS EM MODELOS EXPERIMENTAIS DE ENFISEMA PULMONAR
Enfisema pulmonar; Mikania glomerata; Modelos Animais; Ovariectomia; Papaína.
O enfisema pulmonar é uma patologia com carência de estratégias de tratamento eficazes. Como forma de tentar reverter esse cenário, o presente trabalho teve como objetivo desenvolver uma formulação a partir da M. glomerata para o tratamento dessa doença. Essa planta é amplamente utilizada no tratamento de alergias e inflamações, particularmente do sistema respiratório. O efeito do tratamento com a M. glomerata foi avaliado em um modelo animal de enfisema. Devido a algumas desvantagens apresentadas nos modelos de enfisema em animais, fez-se uma adaptação no modelo de enfisema com papaína e, então, o comparou com o modelo de enfisema com inalação de fumaça de cigarro. Os resultados dos estudos com animais evidenciaram que o modelo de enfisema com papaína mostrou-se mais adequado para o estudo isolado do enfisema do que o com inalação de fumaça de cigarro. No modelo com papaína foi observado um maior recrutamento neutrofílico e destruição parenquimatosa e uma menor metaplasia de células caliciformes e deposição de colágeno e muco. Na análise do efeito da castração sobre o desenvolvimento do enfisema, não foram encontradas diferenças significativas. Dessa forma, o modelo de enfisema com pulverização de papaína se mostra uma ferramenta útil, particularmente, para o estudo de lesão proteolítica e inflamatória. A formulação para o tratamento dos animais foi desenvolvida em um Spray dryer, pois esse fornece pós com características necessárias para a entrega pulmonar. No entanto, como esse aparelho opera em altas temperaturas, uma formulação por liofilização foi desenvolvida para servir de parâmetro. Para isso, foi realizado um planejamento fatorial para avaliar a influência da temperatura de entrada e da percentagem de adjuvante de secagem. Na analise de UV, utilizou-se a cumarina como marcador. Também foi avaliado a atividade antioxidante, pelo método de eliminação do radical livre 1,1-difenil-2-picrilhidrazil (DPPH•), e a analise microbiológica, dos produtos acabados. Os resultados evidenciaram uma perda de atividade antioxidante quando a secagem foi realizada com temperatura de entrada de 170°C e a preservação das características físicas, a longo prazo, nos extratos secos com 30% de Aerosil® como adjuvante de secagem. Diante disso, podemos concluir que o melhor método de secagem por aspersão utiliza 30% de Aerosil® e uma temperatura de entrada de 140°C. Ficou evidente, ainda, que a preservação do teor de cumarina no extrato seco por aspersão, se deve, provavelmente, a microencapsulação promovida pelo Aerosil®. Pôde-se constatar que a secagem por aspersão e liofilização, mantiveram, estatisticamente, a mesma população microbiológica. Por fim, a formulação seca com 30% de Aerosil® e 140°C poderá ser uma candidata para utilização por via pulmonar. A utilização do extrato seco da M. glomerata no tratamento do enfisema pulmonar mostrou-se muito eficiente, uma vez que houve uma diminuição significativa no recrutamento neutrofílico e na contagem total de células. Outros resultados evidenciaram um incremento, proporcional, no recrutamento de macrófagos no grupo tratado com a planta, o que pode ocorrer devido a um acúmulo de extrato seco de M. glomerata no pulmão. Dessa forma, existe a necessidade de otimizar algumas características do extrato seco (como a biodegradabilidade) e a dose entregue sem, contudo, afetar a eficácia de seu efeito terapêutico.