Estudo pré-clínico dos efeitos bioquímicos e farmacológicos da ciano-carvona em camundongos: subsídio para o desenvolvimento de fitomedicamentos
Ansiedade, Anticonvulsivante, Antioxidante, Monoterpeno, Ciano-carvona.
O composto ciano-carvona, derivado sintético, foi o objeto de estudo desse trabalho, obtido a partir da síntese da substância R-(-)-carvona, um monoterpeno monocíclico. No primeiro capítulo, foi realizado a avaliação da toxicidade aguda por via oral da CC para o cálculo da DL50 e determinação dos parâmetros bioquímicos e hematológicos, bem como o efeito ansiolítico por meio dos testes de campo aberto, rota rod e labirinto em cruz elevado em camundongos Swiss machos e fêmeas. O tratamento não causou nenhuma morte ou toxicidade nos animais, não sendo possível calcular a DL50, como também não apresentou nenhuma alteração bioquímica e hematológica após tratamento com CC nas doses 25, 50 e 75 mg kg-1. Não foi observada alteração no número de groomings e houve uma diminuição do número de rearings. Em relação ao labirinto em cruz elevado houve um maior número de entradas nos braços abertos, bem como um maior tempo de permanência nos braços abertos, sugerindo um possível efeito ansiolítico. Em relação ao teste do rota rod não foi verificada alteração no tempo de permanência na barra giratória, bem como não foi detectado mudanças no número de quedas. No segundo capítulo foram investigados os efeitos anticonvulsivantes e antioxidantes de ciano-carvona e sua ação sobre a atividade da acetilcolinesterase no hipocampo de camundongos após tratamento com CC nas doses de 25, 50 e 75 mg kg-1. O efeito anticonvulsivante de CC foi investigada em modelo de epilepsia induzido pela pilocarpina. Esse monoterpeno foi capaz de promover um aumento de latência para a instalação de estado de mal epiléptico induzido por pilocarpina e apresentou uma proteção significativa contra a peroxidação lipídica e formação de nitrito no hipocampo de camundongos. Além disso o pré-tratamento com CC aumentou a atividade da acetilcolinesterase no hipocampo de camundongos após convulsões induzidas por pilocarpina. Os resultados indicam a capacidade de CC para modular os efeitos anticonvulsivantes e antioxidantes. No terceiro capítulo objetivou-se investigar a atividade antioxidante in vitro da ciano-carvona, sendo capaz de prevenir a peroxidação lipídica induzida por AAPH, inibindo a quantidade de TBARS formado. A ciano-carvona também produziu uma remoção do radical hidroxila podendo ser devido a uma atividade antioxidante, sugerindo uma possível capacidade de proteção contra danos celulares in vivo produzidos por este radical. Na avaliação de produção de óxido nítrico, houve uma diminuição significativa na produção deste composto pela CC, demonstrando uma propriedade antioxidante in vitro, que pode ser explorada para a proteção in vivo das biomoléculas, como lipídios da membrana celular, contra danos causados pelos radicais livres. A ciano-carvona apresentou um forte potencial antioxidante in vitro, por meio da capacidade de remoção contra radicais hidroxilas e do óxido nítrico, bem como preveniu a formação de TBARS. No entanto, mais estudos são necessários para caracterizar melhor as propriedades antioxidantes da ciano-carvona. O quarto capítulo refere-se ao pedido de registro de patente submetido ao Núcleo de Inovação e Transferência de tecnologia, com a finalidade de subsidiar o desenvolvimento de uma nova formulação farmacêutica utilizando a ciano-carvona para o tratamento de doenças neurodegenerativas.