Neurotoxicidade da fração rica em Casearinas isolada das folhas de Casearia sylvestris.
Casearia sylvestris, diterpenos clerodânicos, Neurotoxicidade.
O desenvolvimento de medicamentos a partir de fontes naturais requer estudos que visam garantir a integridade da entidade química ativa, a manutenção das suas propriedades farmacológicas e sua segurança. Entretanto, a toxicidade dos produtos naturais é quase sempre colocada em segundo plano apesar do vasto consumo para fins terapêuticos. Não há informações sobre efeitos colaterais, reações adversas ou limites de doses o que representa um risco cada vez maior para a saúde humana, o que desperta o interesse de pesquisadores de áreas multidisciplinares. Além disso, em virtude do aumento do número de doenças neurodegenerativas, as análises das propriedades neurotóxicas de plantas medicinais vem ganhando destaque no meio científico. A partir daí surge o interesse em realizar a avaliação neurotoxicológica das casearinas, diterpenóides com estrutura clerodânica tricíclica oxigenada extraídos principalmente das folhas de Casearia sylvestris Swartz, planta medicinal com ampla distribuição na América do Sul, popularmente conhecida como guaçatonga e utilizada no tratamento de envenenamentos ofídicos, ferimentos, inflamações e úlceras gástricas. A análise foi realizada através de ensaios comportamentais em camundongos Mus musculus Swiss, análises histopatológicas, testes in vivo com homogenatos de áreas cerebrais (hipocampo, corpo estriado e córtex frontal) e testes in vitro para avaliar o potencial oxidativo das casearinas. Decorridos 30 minutos após tratamento agudo com a fração rica nas doses 2,5, 5, 10 e 25 mg/kg (i.p.), com o diazepam (2 mg/kg i.p.) e com o veículo DMSO 4% (10 mL/kg i.p.), para fins de controle, no teste do campo aberto foi constatado que, em relação ao diazepam, fármaco ansiolítico clássico, a fração aumentou significativamente (p<0,05) o número de cruzamentos e de rearings nas doses 2,5, 5 e 10 mg/kg não ocorrendo alteração significativa no número de groomings. Quanto ao veículo, a fração aumentou significativamente a quantidade de cruzamentos e reduziu o número de groomings sem modificação significativa do número de rearings (p<0,05). Nenhuma mortalidade foi registrada na observação preliminar dos animais assim como não houve alterações significativas quanto à aparência geral, coordenação motora, tônus muscular e reflexos. Estes dados sugerem que a administração aguda das casearinas aumenta a atividade locomotora espontânea e o comportamento exploratório dos animais, o que reflete uma possível influência da droga sobre o estado de ansiedade dos animais. Estas alterações em modelos comportamentais decorrem de sutis modificações biológicas, porventura relacionadas com lesões no SNC.