Mimosa caesalpiniifolia Benth (Fabaceae) é uma planta nativa da Caatinga e Cerrado, encontrada em vários estados do Nordeste brasileiro, vulgarmente conhecida como sabiá, unha-de-gato e sansão-do-campo. Na medicina popular, a infusão da casca do caule desta espécie tem sido utilizada no tratamento de bronquites, enquanto que o decocto da casca do caule vem sendo utilizada para estancar sangramentos e lavagem de feridas. Diversos estudos farmacológicos têm comprovado que M. caesalpiniifolia possui atividade antimicrobiana, antioxidante, antigenotóxica, entre outras. O presente estudo teve como objetivos avaliar a atividade antimicrobiana intrínseca da fração diclorometano obtida da casca do caule de M. caesalpiniifolia, bem como avaliar seu efeito na atividade de diferentes antibióticos contra cepas de Staphylococcus aureus resistentes a fluoroquinolonas devido a superexpressão de bombas de efluxo. Foram realizados ensaios de microdiluição para determinação da concentração inibitória mínima (CIM) contra diferentes microrganismos. Os resultados indicaram que a fração diclorometano apresentou atividade antimicrobiana moderada contra a maioria das cepas de S. aureus testadas (128 µg/mL) e uma fraca atividade antifúngica contra Candida albicans (512 µg/mL). Por outro lado, a fração não apresentou atividade contra Escherichia coli (CIM ≥ 1024 µg/mL). Para avaliação do efeito modulador da resistência bacteriana, as concentrações inibitórias mínimas dos antibióticos Norfloxacina. Ciprofloxacina e Brometo de Etídio contra a cepa S. aureus SA1199-B, superprodutora da bomba de efluxo NorA, foram determinadas na ausência e na presença de concentrações subinibitórias da fração diclorometano. Os resultados evidenciaram que a fração diclorometano foi capaz de reduzir a concentração inibitória mínima da Norfloxacina e da Ciprofloxacina contra esta linhagem. Um efeito modulador semelhante foi verificado quando os antibióticos foram substituídos pelo Brometo de Etídio, indicando que o efeito modulador apresentado pelo produto testado pode estar relacionado com a inibição de NorA. Resultados semelhantes foram verificados para Tetraciclina contra a linhagem de S. aureus que superexpressa tetK, bem como para o Brometo de Etídio contra a linhagem de S. aureus que superexpressa qacC. Por outro lado, o ácido betulínico isolado não apresentou atividade antimicrobiana intrínseca e nem atividade moduladora da resistência aos antibióticos. Estes resultados indicam que M. caesalpiniifolia é uma fonte de compostos moduladores da resistência a fluoroquinolonas, Tetraciclina e Brometo de Etídio em S. aureus, provavelmente pela inibição das bombas de efluxo NorA, TetK, QacC, respectivamente. Tais fitoquímicos poderiam ser utilizados em associação com a Norfloxacina ou com a Ciprofloxacina no tratamento de infecções ocasionadas por cepas de S. aureus multirresistentes.