Os aditivos alimentares apresentam importância tecnológica na indústria de alimentos. Contudo, há
poucas pesquisas quanto às propriedades toxicológicas em nível celular e sistêmico. Diante disto, o
objetivo desse estudo foi avaliar a atividade citogenotóxica in vitro de aromas alimentares sintéticos
idênticos ao natural, identificar os constituintes do aromatizante de manteiga e alterações toxicológicas in
vivo. Para tanto, uma revisão de literatura foi realizada a respeito do uso, legislação, bem como os riscos
de classes de aditivos utilizando banco de dados, avaliação da citogenotoxicidade em células de Allium
cepa e tumorais humanas (ensaio MTT) e em culturas primárias de células mononucleares do sangue
periférico (PBMC) e murinos com o ensaio de Alamar blue dos aromas sabor de manteiga, queijo cheddar
e cebola. Por fim, caracterização do AM por cromatografia gasosa acoplada à espectrometria de massa
(CG-MS) e avaliação da citotoxicidade frente à Artemia salina e em células normais humanas de
fibroblasto de pulmões (MRC-5) por Alamar blue, seguidos do estudo toxicológico em dose única
observando parâmetros gerais de comportamento por screening hipocrático, taxa de letalidade e
estimativa da DL 50 , assim como avaliação da atividade exploratória, coordenação motora e ansiedade por
meio dos testes de campo aberto, barra giratória e labirinto em cruz elevada. Foi possível constatar um
considerável número de publicações mostrando as diversas formas de uso, legislações nacional e
internacional e atividades toxicológicas em nível celular e sistêmico das principais classes de aditivos. Os
aromas sabor de manteiga, queijo cheddar e cebola demonstraram efeito citogenotóxico com diferenças
significativas quando comparado ao controle em todos os testes (p<0,05). Os resultados por CG-MS
demonstraram que os constituintes presentes no AM foram butanoato de etila (97,75 %), 2,3-butonadiona
(1,51%), Ácido butanoico (0,39%) e hexanoato de etila (0,35%). Em 24 horas o AM revelou CL50
14,7(13,7-15,7) mg/mL revelando-se não citotóxico aos náuplios. Na avaliação da atividade citotóxica de
MRC-5 observou-se CI 50 >50 μg/mL, revelando atóxico às células. Na toxicidade aguda in vivo, observou-
se morte em todas as doses testadas, incluindo-se a amostra na categoria 3 de acordo a Globally
Harmonised System (GHS) e OECD. Os resultados do screening hipocrático mostraram à ausência de
mortalidade no 1º dia analisado e presença de sinais clínicos sugestivo de toxicidade, e nos ensaios
comportamentais alterações comportamentais exploratórias e motoras. Na analise do efeito do AM no
trato gastrointestinal observou-se aumento percorrido pelo carvão ativado e consequentemente
diminuição do peso relativo (p<0,05). É interessante destacar que nenhuma investigação anterior avaliou
a segurança desse aromatizante em modelos animais ou nos modelos in vitro aqui utilizados. Assim, ao
estimar a DL 50 e determinar a toxicidade sistêmica, criou-se condições essenciais para o desenvolvimento
de novos trabalhos sobre as propriedades toxicológicas e antinutricionais dos aromatizantes.