ESTUDO DA ATIVIDADE ANTIOXIDANTE DO LÍQUIDO DA CASTANHA DE CAJU (Anacardium occidentale L.) TÉCNICO E IN NATURA PARA FORMULAÇÕES FARMACÊUTICAS
Antioxidantes; Líquido da Castanha de Caju; Saccharomyces cerevisiae
O estresse oxidativo se constitui como um dos mecanismos mais relatados na etiologia de doenças incluindo as neurodegenerativas, diabetes, aterosclerose e o câncer, devido à produção de radicais livres capazes de danificar proteínas, lipídeos e ácidos nucléicos. O Anacardium occidentale L. (cajueiro), espécie encontrada em regiões tropicais, especialmente no Nordeste brasileiro, tem como fruto a castanha, produto de valor sócio-econômico e medicinal. A castanha do caju contém um óleo alquifenólico conhecido como Líquido da Castanha do Caju (LCC), que de acordo com a metodologia de obtenção libera o LCC in natura (LCCi) e LCC técnico (LCCt).O LCCi é constituído por ácido anacárdico (60-65%); cardol (15- 20%); cardanol (10%) e traços de 2-metil-cardol e o LCCt por 70-75% de cardanol, 15-20% de cardol, 10% de material polimérico e traços de 2- metilcardol. Estudos relatam atividades antimicrobianas, antiparasitárias, antioxidantes e antimutagênicas do LCC. O presente estudo buscou avaliar as possíveis atividades oxidantes, antioxidantes e protetora do LCCi e LCCt frente a danos oxidativos induzidos pelo peróxido de hidrogênio (H2O2) em Saccharomyces cerevisiae proficientes (SOD WT) e deficientes (Sod1∆, Sod2∆, Sod1∆/Sod2∆, Cat1∆, Sod1∆/Cat1∆) em enzimas antioxidantes avaliados em pré, co e pós-tratamento. Os produtos foram testados nas concentrações de 17,37 µg/mL, 34,75 µg/mL, 69,50 µg/mL com o teste do disco central em S. cerevisiae. O LCCi e o LCCt não apresentaram ação oxidante frente as linhagens testadas, porém protegeram contra os danos induzidos pelo H2O2 no pré-tratamento pela significante diminuição (p<0,0001) da inibição do crescimento de todas as linhagens ocasionado pelo peróxido de hidrogênio. No co-tratamento, todas as concentrações de LCCi e LCCt apresentaram atividade antioxidante para Sod1∆/Sod2∆. Na linhagem proficiente, apenas a maior concentração do LCCi não foi capaz de reduzir o dano causado pelo H2O2. Para a linhagem Sod1∆ somente o LCCi diminuiu significativamente a inibição causada pelo H2O2 e na SOD2∆ as duas maiores concentrações do LCCt e as duas menores do LCCi apresentaram resultados significativos (p<0,05). Para Cat1∆ foram obtidos resultados significantes nas concentrações de 34,75 µg/mL,, 69,50 µg/mL dos LCCi e LCCt. Para Sod1∆/Cat1∆, todas as concentrações do LCCt e a maior concentração do LCCi foi capaz de diminuir a inibição ocasionada pelo H2O2. Atividades de reparo do dano causado pelo peróxido de hidrogênio do LCCi e LCCt foram observadas para SOD WT e Sod1∆/Sod2∆. As linhagens Sod1∆ e Sod2∆ apresentaram resultados semelhantes, no qual houve reparo para os LCCi e LCCt em todas as concentrações, exceto na maior (69,50µg/mL) do LCCi. Em relação a Cat1∆ foram observados efeitos de reparo apenas para o LCCt. Foi observado um efeito pró-oxidante na linhagem Sod1∆/Cat1 para o LCCi [69,50µg/mL]. Os nossos resultados apontam excelentes atividades antioxidantes frente aos danos induzidos pelo H2O2, como também atividade protetora de danos e de reparo em S. cerevisiae mutadas em defesas enzimáticas antioxidantes. Entretanto, sugere-se a realização de outros ensaios que venham evidenciar a possibilidade do uso do LCCi e LCCt em formulações farmacológicas para a prevenção de stress oxidativo.