Estudo Preliminar das atividades tóxica/antitóxica, citotóxica/anticitotóxica e mutagênica/antimutagênica do LCCi e do LCCt para possível uso na obtenção de novos fármacos
Líquido da casca das castanha de caju. Toxicidade; Mutagenicidade, Antimutagenicidade; Artemia salina; Allium cepa.
O Anacardium occidentale (cajueiro) é comum no nordeste brasileiro. A castanha do caju consiste de um reservatório de parede dupla, que contêm um líquido rico em compostos fenólicos, o líquido da casca da castanha de caju. Propriedades farmacológicas têm sido relatadas: atividades antimicrobianas e larvicidas, e em especial, efeitos antioxidantes e ação inibidora de acetilcolinesterase. O líquido da casca da castanha do caju é classificado em in natura e técnico. O in natura contêm 70 % de ácido anacárdico, 20 % de cardol, 5 % de cardanol e 5 % de material polimérico; e o técnico é constituído de 60-65 %, de cardanol, 15-20 % de cardol e 10 % de material polimérico. O estudo teve por objetivo a análise dos efeitos tóxicos do líquido da casca de castanha de caju in natura e do técnico em Artemia salina, e suas possíveis toxicidades, citotoxicidades, mutagenicidade, e efeitos frente os danos induzidos pelo sulfato de cobre, em pré, co e pós-tratamento em meristemas de raízes de Allium cepa. A concentração letal de 50% em A. salina para o líquido in natura foi de 36, 96 µg/mL, e para o técnico de 91, 67 µg/mL. Três concentrações de 17,37; 34,75 e 69,5 µg/mL, diluídas em Tween (0,5%) foram testadas em A. cepa. Água desclorificada, como controle negativo, e sulfato de cobre (0,0012 g/L), como controle positivo. Cinco bulbos de cebolas foram expostos a cada grupo teste, por 72 horas. Os preparados citogenéticos foram fixados com Carnoy, corados com carmim acético e avaliados quanto: (a) toxicidade (inibição de crescimento de raízes); (b) citotoxicidade (inibição de divisão celular) e (c) mutagenicidade (micronúcleos e aberrações cromossômicas). Os efeitos frente o sulfato de cobre foram avaliados em pré, co e pós-tratamento. Toxicidade, citotoxicidade e mutagenicidade foram observadas para o in natura em 69,5 µg/mL, com significância (p<0,001; P<0,05 e p<0,05), em relação ao controle negativo. O in natura não inibe toxicidade e citotoxicidade do sulfato de cobre, mas teve ação preventiva (pré-tratamento), em relação aos micronúcleos na concentração de 17,37 µg/mL, com significância para p<0,01 e significantes (p<0,05 e p<0,001) ações antimutagênicas foram observadas em 17,37 e 34,75 µg/mL, pelas inibições de micronúcleos e de aberrações cromossômicas em todas as concentrações. Não teve atividade de reparo (pós-tratamento) aos micronúcleos induzidos pelo sulfato de cobre, entretanto, significantes (p<0,001) atividades de reparo foram obtidas para aberrações cromossômicas, nas menores concentrações. O técnico previne a toxicidade do sulfato de cobre em 69,5 µg/mL e pela significante (p<0,05) inibição de micronúcleos induzidos pelo sulfato de cobre em 17,37 µg/mL, pela significante e em 17,37 e 34,75 µg/mL, pelas significantes (p<0,001) inibições de aberrações cromossômicas. Não teve atividade antimutagênica para os micronúcleos, entretanto, significantes (p<0,001) inibições de aberrações cromossômicas e de reparo. Atividades preventivas, antimutagênicas e de reparo observadas para o líquido da casca de castanha de caju in natura e técnico em relação aos danos induzidos pelo sulfato de cobre, em meristemas de raízes de A. cepa, provavelmente, associadas a mecanismos antioxidantes dos seus constituintes químicos. Considerando a concordância do teste A. cepa com testes em mamíferos, os resultados são favoráveis às formulações farmacológicas. Entretanto, outros biomarcadores devem ser aplicados para o melhor entendimento dos efeitos observados, visando segurança em relação ao material genético diante dos diversos potenciais farmacológicos dos produtos avaliados.