O Diabetes Mellitus Tipo 2 (DM2) é uma doença metabólica crônica caracterizada por hiperglicemia persistente. Essa condição afeta milhões de pessoas globalmente, sendo impulsionada por fatores como o envelhecimento populacional, hábitos alimentares e o estilo de vida sedentário. Nesse contexto, torna-se essencial explorar alternativas terapêuticas que possam complementar o tratamento convencional, proporcionando uma abordagem segura e eficaz para o controle glicêmico. A espécie Morus nigra L., pertencente ao gênero Morus, compõe a Relação Nacional de Plantas Medicinais de Interesse ao SUS (RENAME), sendo utilizada na medicina tradicional como hipoglicemiante, hipolipidêmico, anti-inflamatório e antioxidante. Dessa forma, o objetivo do trabalho consiste em obter um extrato seco padronizado de M. nigra e desenvolver cápsulas gastrorresistentes, uma vez que os compostos fenólicos do extrato, como o ácido clorogênico, conseguem inibir a ação da enzima α-glicosidase, localizada nos enterócitos. Para verificar o “estado da arte” em relação às atividades farmacológicas e as inovações tecnológicas, foi realizada uma prospecção nas bases de dados de artigos científicos, PubMed, Scopus e Web of Science e nas bases de patentes, EPO, WIPO, USPTO e INPI. Após a aplicação dos critérios de inclusão e exclusão, foram selecionados 22 artigos e 13 patentes, os quais foram avaliados de forma integral. A prospecção científica revelou que 11 estudos foram realizados com as folhas da espécie, apresentando efeito anti-hiperglicêmico, pela inibição da α-amilase e α-glicosidase, aumentando a secreção de insulina e melhorando a resistência a esse peptídeo. Foi capaz de reduzir os índices lipidêmicos, como triglicerídeos, colesterol total, ácidos graxos livres e melhorar o status antioxidantes do fígado. Apenas uma patente descrevia um produto formado apenas pelas folhas de M. nigra, os demais eram compostos herbais. Com a finalidade de obter um extrato secopadronizado das folhas, inicialmente foi realizada uma avaliação farmacognóstica do material vegetal. Foram obtidos os teores de cinzas totais e umidade, a determinação do tamanho das partículas pela granulometria e avaliação térmica do material vegetal. Para seleção do melhor método de extração, foi realizado um planejamento fatorial 23 utilizando como variáveis: solvente, tempo de extração e agitação, sendo avaliados como respostas o teor de fenóis e flavonoides totais. Logo após, foi realizado um planejamento fatorial 23 para a seleção da melhor condição de secagem por spray dryer, utilizando como variáveis: temperatura de entrada, fluxo e percentual do adjuvante de secagem e as respostas foram o teor de fenóis e flavonoides totais. A identificação dos compostos fenólicos foi realizada através de análise por cromatografia líquida de alta eficiência acoplado a um detector de arranjo diodo (CLAE-DAD). O material vegetal apresentou um elevado teor de cinzas totais, 9,1%, mas dentro dos limites estabelecidos pela legislação, umidade de 8,04%, demonstrando que o processo de secagem das folhas foi efetivo e tamanho médio de partícula 196,49 μm, sendo classificado como pó semifino, de acordo com a Farmacopeia Brasileira. A análise térmica por TG demonstrou duas reduções de massa significativas, uma em 100°C, sendo atribuída a umidade residual, e entre 250-400°C, podendo ser atribuída a degradação dos compostos fenólicos. O melhor método de extração foi obtido utilizando-se uma mistura hidroalcóolica (1:1), no tempo de 60 minutos e com agitação, onde os teores de fenóis e flavonoides foram 135,741 ± 2,5116 mgEAG/g e 17,0±1,2324 mgEC/g, respectivamente. O melhor método de secagem utilizou uma temperatura de entrada de 130°C, fluxo de 3,0 mL/min e 30% de dióxido de silício coloidal como adjuvante de secagem, apresentando teor de fenóis e flavonoides de 79,000 ± 7,234 mgEAG/g e 20,162± 0,715 mgEAG/g de extrato. A análise por CLAE-DAD possibilitou a identificação de três compostos fenólicos, ácido clorogênico, rutina e isoquercetina, utilizando padrões analíticos e os espectros de UV para confirmação. Dessa forma, foi possível definir as melhores condições de extração e secagem para a obtenção de um extrato seco padronizado que será utilizado para a obtenção das cápsulas gastrorresistentes.