Avaliação do potencial antioxidante e mecanismo de ação ansiolítico de lipossomas contendo nimodipina: envolvimento dos sistemas serotoninérgico e dopaminérgico.
Lipossomas. Nimodipina. Ansiolítico. Antioxidante.
A nimodipina, diidropiridina antagonista dos canais de cálcio, apresenta pouca solubilidade em água e elevada lipossolubilidade, pode atravessar facilmente a barreira hematoencefálica, foi desenvolvida como agente para relaxar a vasculatura cerebral. É rapidamente absorvida após a administração oral e apresenta biodisponibilidade reduzida explicada pelo intenso metabolismo de primeira passagem. Uma alternativa a fim de se superar as limitações é o uso de lipossomas, conforme foi demonstrado em pesquisas realizadas anteriormente, onde uma formulação lipossomal com nimodipina (LCNa) com alto teor do fármaco encapsulado, não demonstrou toxicidade em camundongos e apresentou efeito ansiolítico, antidepressivo e anticonvulsivante. Também foi demonstrado por meio da redução de íons nitritos, da remoção de radicais hidroxila e de substâncias reativas com o ácido tiobarbitúrico, que LCNa apresenta poder antioxidante. Complementando estes estudos, o presente trabalho teve como objetivo investigar o envolvimento dos sistemas serotoninérgicos e dopaminérgicos no mecanismo de ação ansiolítico de lipossomas contendo nimodipina (LCNa), bem como avaliar a seu potencial antioxidante in vitro. O primeiro capítulo relata a realização de uma prospecção tecnológica sobre as aplicações de lipossomas para tratamento de doenças relacionadas ao sistema nervoso central. Foram encontradas poucas patentes sobre o objeto de estudo e não foram encontradas patentes brasileiras, sugerindo que o país ainda está carente de pesquisas e inovação na área de nanotecnologia farmacêutica para vertorização de fármacos. No segundo capítulo, foi realizada a avaliação do potencial antioxidante in vitro da nimodipina e de LCNa por meio da eliminação do radical livre estável 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH•) e pelo 2,2`-azinobis(3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico) - ABTS, radical superóxido (O2•-) e potencial redutor em várias concentrações (2,15; 4,30; 8,60; 12,90 e 17,20 nM). Os estudos realizados demonstraram moderada capacidade antioxidante da nimodipina contra radical DPPH (CE50=127,54 nM), ABTS (CE50 =4,91 nM), superóxido (CE50=229,36 µg/mL) e poder redutor (CE50=183,59 nM). Quando avaliada a capacidade antioxidante do LCNa nas mesmas condições experimentais que a nimodipina, foi observado maior efeito antioxidante com o valor da CE50 de 0,19 nM para o radical DPPH•, 0,052 nM para o radical ABTS•+ e 0,949 nM para o radical superóxido e 2,35 nM para potencial redutor. O terceiro capítulo trata da investigação do envolvimento dos receptores serotoninérgicos e dopaminérgicos no mecanismo de ação ansiolítico do LCNa por meio da utilização dos testes comportamentais claro/escuro e labirinto em cruz elevada, bem como a atividade e coordenação motora por meio dos testes de campo aberto e rota rod. Foi verificado que LCNa produziram atividade ansiolítica sem causar sedação e sem alterar a capacidade locomotora dos animais testados. O uso dos antagonistas WAY-100635 (5 mg/kg) e sulpirida (50 mg/kg) reverteram os efeitos do LCNa (10mg/kg) nos testes de ansiedade. Sugerindo o envolvimento dos receptores serotoninérgicos 5-HT1A e dopaminérgicos D2 no mecanismo de ação ansiolítico de liposssomas contendo nimodipina. Além disso, o uso de lipossomas também demonstrou aumento na capacidade antioxidante in vitro da nimodipina.