O estudo teve como objetivo investigar os efeitos farmacológicos e potenciais aplicações do BPP-BrachyNH2, um oligopeptídeo rico em prolina obtido da secreção cutânea de Brachycephalus ephippium, sobre parâmetros de controle metabólico, marcadores de atividade antioxidante, estresse oxidativo e reatividade vascular em modelo experimental de diabetes mellitus tipo 2 (DM2). Utilizou-se 72 ratos machos da linhagem Wistar para a indução de DM2 através de dieta hiperlipídica durante 35 dias, sendo administrada estreptozotocina (STZ) (30 mg/kg) no 36° dia, via intraperitoneal. Os animais foram alocados em seis diferentes grupos de tratamento: controle normal, controle diabético, diabetes tratado com hipoglicemiante (metformina) 150 mg/kg/peso por via oral, diabéticos tratados com diferentes doses de BPP-BrachyNH2 (0,25, 0,50, 1,00 mg/kg/peso, por aplicação subcutânea, e submetidos a 28 dias de protocolo experimental. Como resultados, verificou-se que em relação ao peso dos órgãos, o grupo tratado com a dose de 1,00 mg, apresentou valores significativamente maiores no peso relativo do fígado (3,95±0,16 g/100 PC), comparado ao controle diabético (3,35±0,14 g/100 PC), sem diferenças no ganho de peso corporal. Ao avaliar-se os parâmetros de controle glicêmico, não houve diferença significativa sobre os níveis séricos de glicemia de jejum, em relação ao percentual de hemoglobina glicada, o tratamento com BPP-BrachyNH2 na dose de 0,25 mg/kg provocou uma redução significativa (6,63±0,18) quando comparado ao diabético sem tratamento (7,98±0,21), assim como nos níveis de frutosamina (1,15±0,08 μmol/L) em relação ao grupo metformina (1,70±0,18 μmol/L). Quanto ao perfil lipídico, o grupo tratado com BPP-BrachyNH2 na dose de 1,00 mg/kg apresentou valores significativamente maiores no conteúdo de colesterol total (91,74±7,30 mg/dL) quando comparado ao controle diabético (72,10±9,07 mg/dL), sem diferenças em relação a TG e HDL-c. Na avaliação dos marcadores de atividade antioxidante e estresse oxidativo em tecido aórtico, verificou-se diferença significativa em relação a atividade da catalase, em que o grupo tratado com 0,25 mg/kg apresentou valores significativamente menores(0,11±0,02mM/min.mg) em relação ao grupo metformina (0,31±0,08mM/min.mg), sem diferenças em relação a concentração de nitrito e atividade das enzimas mieloperoxidase e superóxido dismutase. Por fim, quanto aos efeitos sobre a reatividade vascular, observou-se que a resposta vasoconstritora induzida por fenilefrina dos segmentos aórticos de animais tratados com BPP-BrachyNH2, nas três doses, foi significativamente menor comparada aos animais do controle diabético (p<0,05). Ao se avaliar a reposta de vasorrelaxamento mediada pela acetilcolina e também na presença de indometacina verificou-se que as doses de 0,25 e 1,00 mg/kg promoveram uma maior porcentagem de relaxamento, em relação aos animais diabéticos não tratados e o grupo metformina (p<0,05), em relação aos anéis pré-incubados com pirogalol esse aumento foi observado nos grupos tratados com as doses de 0,25 e 0,50 mg/kg (p<0,05). Assim, pode-se concluir que o modelo experimental utilizado foi efetivo para a indução de DM2 e o tratamento com BPP conseguiu promover redução nos parâmetros de controle glicêmico, além de preservar a função endotelial vascular, como evidenciado pela melhoria nas curvas de vasoconstricção e vasorrelaxamento.