Os estudos científicos com sementes da couve (Brassica oleracea L. var. acephala - Brassicaceae), ainda são pouco explorados no que se refere a sua capacidade farmacológica, potencialidades terapêuticas e futuras aplicações como insumo farmacêutico ativo. Nesse contexto, o objetivo deste trabalho foi avaliar atividades biológicas e toxicidade aguda do extrato etanólico bruto dessa parte da planta. As sementes foram adquiridas da empresa ISLA Sementes e o extrato etanólico produzido por maceração. O rendimento obtido correspondeu a 15,83% e a presença dos metabólitos secundários foi caracterizada inicialmente por testes fitoquímicos qualitativos preliminares. Foram identificados os
seguintes grupos de metabólitos secundários: alcaloides, cumarinas, esteroides e triterpenos. O teor de compostos fenólicos totais (CFT) foi de 77,81±3,97 mg EAG/g de amostra com porcentagem inibitória de 89,24% na maior concentração para radical livre DPPH• e a captura do radical ABTS foi de 568,66 ± 19,01 mMTrolox/g da amostra. O extrato apresentou hemocompatibilidade em placas de ágar-sangue de carneiro e CL50 não calculável no teste de toxicidade preliminar em microcrustáceos de A. salina L. em 24 horas. Adicionalmente, a amostra apresentou citotoxicidade promissora contra as linhagens de câncer colorretal (HCT-116) e câncer de próstata (PC-3), com 91% e 86% de inibição do crescimento celular e somente 10,19% de inibição celular em linhagem de fibroblastos murinos saudáveis (L929), de modo que a CI50 foi maior que 100μg/mL, considerada não citotóxica. Na atividade larvicida apresentou moderada ação em larvas de terceiro e quarto estádio de Aedes aegypti. Todavia, os resultados
apresentados na concentração inibitória mínima (CIM) da atividade antibacteriana, inibição da enzima
acetilcolinesterase (AChE) pelo teste de Ellman e atividade antileishmania em promastigotas de Leishmania amazonensi não foram significativas. Assim, os resultados obtidos ressaltam a necessidade de reconhecimento sobre 2 as sementes da couve como insumo farmacêutico ativo, pela possibilidade de formulações promissoras com propriedades citotóxicas em linhagens cancerígenas, como contribuição principal dessa pesquisa. Embora mais investigações por meio de caracterização química do extrato e estudos in vitro e in vivo sejam necessárias, para maior compreensão dos mecanismos de ação e avaliação da segurança desse extrato.