O Nordeste é o maior produtor de castanha de caju do Brasil. Entretanto, durante o seu processamento na cadeia produtiva do caju, parte desse fruto é desvalorizado, visto que a presença de defeitos reduz seu valor, e as amêndoas quebradas variam de 15 a 45% das castanhas processadas. A castanha de caju tem muito potencial biológico e econômico, dela pode-se obter dois tipos de óleo: um é encontrado na região interna do fruto, amêndoa, sendo chamado de Óleo de Amêndoas da Castanha de Caju (OACC) e contêm altas concentrações de ácidos graxos insaturados e o outro é obtido na casca, conhecido por Líquido da Casca da Castanha de Caju (LCC), que contem alta concentração de compostos fenólicos, constituído por ácido anacárdico (AA), cardanol e cardol. Assim, visando fomentar a cajucultura e aproveitar seus subprodutos, esse trabalho visa obter e caracterizar o óleo de amêndoas da castanha de caju e a partir dele desenvolver e avaliar um sistema nanocarreador de ácido anacárdico com potencial biológico. O OACC foi obtido por prensagem a frio com rendimento de 20%. Foram avaliadas as seguintes características: pH de 5,78 ± 0,07; densidade relativa de 0,93 ± 0,009 g/mL; índice de acidez de 0,85 mg KOH/g, dentro das especificações da legislação brasileira. Sua análise química identificou a presença majoritária de ácido oleico (63,08%, C18:1); ácido linoleico (16,28%, C18:2); ácido esteárido (10,51%, C18:0) e ácido palmítico (8,83%, C16:0). O período de indução (PI) diminuiu conforme a temperatura se elevou (100 a 140 ºC), apresentando boa estabilidade e prazo de validade. Em relação a sua atividade biológica, apresentou ação contra as cepas testadas de Candida albicans, Escherichia coli e Staphylococcus aureus na concentração de 1024 µg/mL e atóxico em concentração até 1000 µg/mL para os tempos de exposição analisados. Assim, demonstra potencial para uso nas indústrias farmacêutica, cosmética e alimentícia. Desse modo, foi desenvolvido um sistema nanoestruturado constituído por tensoativo, co-tensoativo, OACC, polímero e AA. As formulações apresentaram pH compatível ao da pele, 5,89 ± 0,03, tamanho nanométrico, índice de polidispersividade e potencial zeta adequados, e índice de refração de 1.33 ± 0,002. Além disso, o método de quantificação do AA validado é linear, seletivo e sem interferentes, preciso, exato, robusto. A formulação apresentou um fluxo de 208,69 mg.cm-2.h-1 na cinética in vitro em modelo Korsmeyer-Peppas e demonstrou ser mais segura e com baixa toxicidade em relação ao AA e ao veículo em adição do ativo. Em relação a sua atividade biológica, apresentou ação antimicrobiana. Demonstrando, assim, potencial terapêutico das formulações desenvolvidas com resíduo da cadeia produtiva do caju. |