As leishmanioses afetam mais de 12 milhões de pessoas em todo o mundo, com cerca de 3 milhões de novos casos a cada ano. As
terapias de escolha para o seu tratamento são limitadas, apresentam efeitos tóxicos e contribuem para a resistência do parasita. A
procura por novos compostos com ação terapêutica nos direciona para o conhecimento sobre princípios ativos de plantas. A espécie
Platonia insignis Mart. ("bacurizeiro") tem demonstrado ser uma alternativa promissora ao tratamento de diversas enfermidades,
por ser rica compostos ativos com propriedades antitumoral, anti-inflamatória, antioxidante, anticonvulsivante, citotóxica e
antileishmania. O objetivo do presente trabalho foi avaliar a atividade citotóxica, antioxidante, antileishmania e imunomoduladora
do extrato hidroalcoólico (EHPi), fração acetato de etila (FAcOEt) e compostos isolados das flores de P. insignis. Para avaliação da
citotoxicidade in vitro de EHPi, FAcOEt, mistura de biflavonas (MB) e garcinielliptona FC (GFC), foram realizados os ensaios do
MTT em macrófagos peritoneais de camundongos BALB/c, o de atividade hemolítica em eritrócitos de carneiro e antioxidante in
vivo em leveduras de S. cerevisiae. Constatou-se que a GFC foi a substância que apresentou o maior potencial citotóxico sobre os
macrófagos murinos, com CC 50 =45,20 μg/mL e a FAcOEt o menor, com CC 50 =134,28 μg/mL, enquanto que a MB e o EHPi
apresentaram valores de CC 50 intermediários, 81,77 e 159,68 μg/mL respectivamente. Os compostos não apresentaram atividade
hemolítica em nenhuma das concentrações analisadas. O EHPi e a FAcOEt possuem atividade antioxidante independente da
concentração. Para avaliação da viabilidade celular sobre as formas promastigotas, ultilizou-se o método colorimétrico da
resazurina. A GFC apresentou o maior poder de redução da viabilidade de formas promastigotas (IC 50 =45,19 μg/mL) e amastigotas
(IC 50 =8,48 μg/mL) de L. amazonensis. Para formas promastigotas, a FAcOEt, o EHPi e MB apresentaram IC 50 de 23,05, 30,80 e
45,71 μg/mL, reespectivamente. O EHPi (30 μg/mL) e a FAcOEt (60 μg/mL) reduziram estatisticamente a infecção de macrófagos,
porém não foram capazes de reduzir a infectividade quando comparados ao controle (Anf B). Na avaliação dos mecanismos de
imunomodulação de macrófagos, o EHPi, a FAcOET e a MB, mas não a GFC, promoveram aumento da atividade lisossomal,
enquanto a FAcOET, a MB e a GFC foram capazes de promover aumento da capacidade fagocítica e da produção de nitrito.
Portanto, conclui-se que a GFC apresenta significativo potencial antileishmania, demonstrado pela maior seletividade para o
parasito, indicando uma menor citotoxicidade para macrófagos e eritrócitos. O EHPi, a FAcOEt e a MB podem ser utilizados como
uma terapia de suporte à quimioterapia convencional antileishmania, pois demonstraram ser proponentes imunoestimuladores que
auxiliariam no combate ao parasito.