"Bioprospecção do hemiterpenóide prenol: contribuição científico-tecnológica e perspectivas para o desenvolvimento de um medicamento".
Prenol; Hemiterpenos; Toxicidade; Farmacologia pré-clínica.
A busca por novas moléculas com propriedades farmacológicas presentes nas plantas é uma área de interesse crescente. O hemiterpenóide prenol, utilizado como intermediário na indústria química para a síntese de fármacos e substâncias químicas aromáticas, ocorre naturalmente em frutas cítricas e espécies vegetais da região Nordeste, como Malpighia sp. (acerola), Spondias tuberosa L. (umbu), Theobroma grandiflorum Schum (cupuaçu), Morinda Citrifolia (noni), Solanum lycopersicum (tomate) e Passiflora incarnata (maracujá). Em virtude da escassa literatura sobre os efeitos biológicos do prenol, e ressaltando-se a importância dos terpenóides como fontes para o desenvolvimento de novos fármacos, estudos toxicológicos e farmacológicos foram realizados a fim de contribuir com o desenvolvimento de novos fármacos. Primeiramente foi realizada uma prospecção científica e tecnológica sobre as propriedades biológicas dos hemiterpenos, através da busca de artigos científicos e nos pedidos de patentes depositados em bancos nacionais e mundiais, onde foi observado que maior parte dos trabalhos é de origem asiática e nenhum de origem brasileira. No Brasil também não há registro de hemiterpenos protegidos, evidenciando uma lacuna nesta área de pesquisa. Resultados da citotoxicidade frente à A.salina indicam altas médias de sobrevivência das larvas para as concentrações testadas; a CL50 foi estimada em 2944,14 µg/mL (32,58 mM). Durante o tratamento, nenhuma morte foi registrada nas doses de 300 e 2000 mg/kg, o que permite estimar uma faixa de DL50 entre 2000 e 5000 mg/kg. O prenol não alterou a massa corpórea dos animais. Os resultados mostram que a administração via oral, do prenol, de forma geral, não produz efeitos tóxicos que levem à morte do animal, embora module os parâmetros analisados nos testes comportamentais, inferindo uma possível atividade no sistema nervoso central, sem influir no sistema motor. Não houve toxicidade aguda sobre parâmetros bioquímicos, hematológicos, fisiológicos e comportamentais em camundongos. A atividade antioxidante in vitro do prenol foi avaliada via inibição dos radicais hidroxila, nitrito, espécies reativas ao ácido tiobarbitúrico (TBARS), 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH) e 2,2’-azinobis-3-etilbenzotiazolina-6-ácido sulfônico (ABTS). O prenol exibiu potencial antioxidante in vitro frente ao radical hidroxila, significativamente superior ao padrão ácido ascórbico (AA), foi semelhante a este frente aos radicais nitrito e TBARS e inferior frente aos radicais sintéticos DPPH e ABTS. Pode ser sugerido que o prenol pode formar um complexo com radicais livres, ao doar hidrogênios, convertendo-os em espécies menos reativas. O prenol foi avaliado ainda com relação às atividades antimicrobianas em cepas de Staphylococcus aureus, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa e Candida albicans e a sua interferência na atividade de fluouinolonas em uma cepa de S. aureus que superxpressa a bomba Nora. Os presentes resultados enriquecem a literatura sobre este hemiterpenóide e trazem perspectivas para a realização de novos testes que permitam o uso do prenol como fitomedicamento ou produto biotecnológico.