Avaliação pré-clínica e bioprospecção do composto garcinielliptona FC: insumo para o desenvolvimento de novos fitofármacos.
Anticonvulsivante. Fitomedicamento. Garcinielliptona FC. Toxicidade.
Platonia insignis Mart é uma espécie da família clusiaceae, popularmente conhecida como bacuri. A fração hexânica extraída das sementes do bacuri apresenta uma composição química com alto teor de ácidos graxos, sendo bastante utilizada na medicina popular para o tratamento de diversas doenças, como problemas dermatológicos, cicatrização de feridas e inflamação. Do extrato hexânico das sementes da P. insignis foi isolada a garcinielliptona FC (GFC), uma benzofenona poliisoprenilada. O objetivo da presente tese foi realizar ensaios pré-clínicos para contribuir com o desenvolvimento de um fitofármaco anti-helmintico ou anticonvulsivante, contendo como principio ativo o GFC. Desta forma, durante o desenvolvimento desta tese foi proposto investigar a toxicidade após a administração em dose única e com doses repetidas de GFC, bem como as suas propriedades farmacológicas (anticonvulsivante e anti-helmíntica). Para tanto uma prospecção cientifica e tecnológica foi realizada em bases de dados, nas quais foi detectado treze artigos publicados na ultima década e apenas uma patente depositada nas bases tecnológicas, o que sugere a necessidade de um investimento cientifico e tecnológico, baseado nas propriedades atribuídas à P. insignis que estimulam o desenvolvimento de produtos derivados desta espécie. No estudo toxicológico os camundongos foram tratados por via oral(v.o.) e intraperitoneal (i.p.) com a GFC ( n = 5/dose e sexo) com as doses de 1, 2, 3, 4 e 5 g/kg. Durante 14 dias após o tratamento foram observados a toxicidade geral, taxa de letalidade, evolução do peso corporal, consumo de agua e alimentos, e ainda produção de excretas. Após este período, os animais sobreviventes foram eutanasiados com pentobarbital sódico (150 mg/kg; i.p.) para coleta de material para a realização das analises hematológicas, bioquímicas e anatomopatológicos dos principais órgãos. Além disto, foi avaliado os feitos de GFC sobre estes parâmetros além das alterações comportamentais nos teste do campo aberto e roda rod. No tratamento em dose única as manifestações comportamentais de toxidade, como a presença de piloereção, diminuição da atividade espontânea, ptose palpebral, dentre outros, foram evidenciadas apenas em animais tratados com as doses de 3, 4 e 5 g/kg. Ainda neste trabalho foi determinada a dose letal 50% em camundongos tratados com GFC (v.o e i.p., machos e femeas) que demonstrou ser superior a 5 g/kg, classificada com baixa toxicidade. Com relação aos parâmetros fisiológicos, bioquímicos e hematológicos dos animais tratados com GFC não foram observadas alterações (P > 0,05). A GFC ao interferiu na atividade locomotora e coordenação motora dos animais. O estudo de toxicidade em dose única indicou que o tratamento com GFC, apresentou baixa toxicidade em todos os animais, sugerindo que a mesma pode ser segura para posteriores investigações. Já no estudo com administração em doses repetidas os camundongos foram tratados com doses de 1, 2 e 3 g/kg durante 30, 60, 90 e 120 dias consecutivos (n= 10/dose e sexo). Durante o período de tratamento, foram observados os parâmetros já citados para a toxicidade após administração em dose única. Da mesma forma como verificado durante o estudo a toxicidade em dose única foi conferida a baixa toxicidade nos paramentros descritos quanto comparado com o grupo veiculo (p>0,50). Além disto, não foi visto mudanças quanto aos aspectos macroscópicos morfológicos dos principais órgãos. Estes resultados em complementação aos ensaios toxicológicos pre-clinicos de forma aguda, sugerem a baixa toxicidade para o composto avaliado. No experimento para avaliação da atividade anticonvulsivante os resultados sugerem que a GFC pode influenciar a epileptogenese e promover ações antivonvulsivantes na dose de 75 mg/kg durante as crises epilépticas induzidas por pilocarpina em camundongos. Neste contexto, quando investigado os efeitos in vitro da GFC foi vista uma efetiva atividade anti-helmíntica na concetração de 3,125 ug/M contra vermes adultos do schistossoma mansoni. Por fim, foi realizado o pedido de registro de deposito de patente submetido ao Núcleo de Inovação e Transferencia de Tecnologia, a fim de subsidiar o desenvolvimento de um novo processo de obtenção e produto final de composto medicamentoso para tratamento da esquistossomose. Os resultados apresentados pela primeira vez na literatura para o composto GFC isolado de P. insignis quanto aos seus efeitos anticonvulsivantes e anti-helmíntincos, bem como quanto os aspectos de segurança norteiam a possibilidade da GFC para outros ensaios pré-clínicos.