Bioprospecção de um novo protótipo natural com potencial anticonvulsivante: estudos comportamentais, neuroquímicos e toxicológicos
Ansiolítico, Antiepiléptico, Anti-inflamatório, Antinociceptivo, Antioxidante, Ciano-carvona.
Neste trabalho, a ciano-carvona, obtida por síntese da substância R-(-)-carvona, foi estudada em tratamento agudo ou agudo com doses repetidas por 30 dias nas doses de 25, 50 e 75 mg/kg/dia, v.o., em camundongos. As bioprospecções científica e tecnológica realizadas sobre o uso do ciano-carvona mostraram um depósito de patente e três artigos científicos nos últimos 3 anos. Em tratamento agudo com doses repetidas, foi avaliada a toxicidade em parâmetros comportamentais, bioquímicos, hematológicos e morfológicos em órgãos internos, além de investigados efeitos na atividade locomotora (teste de campo aberto), na coordenação motora (teste de rota rod), ansiolítico (teste de claro-escuro) e antioxidante em áreas cerebrais (córtex frontal, hipocampo, corpo estriado e cerebelo). O tratamento com ciano-carvona não causou nenhuma morte ou toxicidade, e não apresentou nenhuma alteração bioquímica, hematológica e morfológica clinicamente significativa. Os animais tratados com ciano-carvona apresentaram atividade locomotora diminuída, sem alteração na coordenação motora e mostraram efeito ansiolítico. Nos testes antioxidantes, a ciano-carvona inibiu significativamente a peroxidação lipídica e o conteúdo de nitrito e aumentou significativamente a concentração de glutationa reduzida. A ciano-carvona mostrou aumento significativo na atividade das enzimas catalase e superóxido dismutase em algumas áreas cerebrais. A ciano-carvona, na maior dose estudada, aumentou significativamente a atividade das enzimas Na+, K+-ATPase e delta-aminolevulinato desidratase nas quatro áreas cerebrais. Foi investigado o efeito antiepiléptico da ciano-carvona em tratamento agudo com doses repetidas nos modelos de epilepsia induzidos por pilocarpina, pentilenotetrazol e picrotoxina. A ciano-carvona promoveu aumento significativo da latência para a instalação de estado de mal epiléptico induzido, bem como diminuiu significativamente as percentagens de animais que apresentaram crise epiléptica e que foram a óbito, sem antagonismo pelo flumazenil. Foi avaliado o efeito anti-inflamatório agudo da ciano-carvona nos testes de edema de pata induzidos por carragenina, bradicinina, histamina, prostaglandina E2 e serotonina. A ciano-carvona diminuiu significativamente o edema de pata em todos os modelos utilizados. A ciano-carvona mostrou também inibição significativa na atividade da enzima mieloperoxidase em homogenato da pata e nas dosagens de IL-1β e TNF-α no lavado peritoneal dos camundongos após indução de inflamação por carragenina. Foi avaliado o efeito antinociceptivo agudo da ciano-carvona pelos testes de contorções por ácido acético e de formalina. A ciano-carvona mostrou efeito antinociceptivo por reduzir o número de contorções no teste de contorções pelo ácido acético e diminuir o tempo de lambedura no teste de formalina. Foi submetido pedido de patente do uso da ciano-carvona no tratamento de doenças que envolvem dor e/ou inflamação ao Núcleo de Inovação e Transferência de Tecnologia (NINTEC) da UFPI.