Os fungos endofíticos são fontes de produtos naturais com atividades biológicas para formulações farmacêuticas. Dentre estes, a citrinina, isolada do fungo endófito Penicillium citrinum, se destaca por possuir atividades citotóxicas, antioxidantes e neuroprotetoras, porém, com conhecidos efeitos adversos, tais como, nefrotoxicidade, falta de seletividade e hepatotoxicidade. Nesse sentido, a utilização de nanotecnologia pode ser uma ferramenta interessante para melhoria das atividades farmacológicas de produtos naturais. Assim, o estudo objetivou o desenvolvimento de nanoformulações lipossomais contendo citrinina bem como sua avaliação nanotoxicogenética, antioxidante/oxidante e antitumoral em estudos in vitro (com diferentes células tumorais humanas) e modelos in vivo para câncer de mama induzido por 7,12-dimetilbenzantraceno (DMBA), com monitoramentos comportamentais, bioquímicos, hematolóficos, histopatológicos e genotóxicos. No primeiro capítulo, os nanossistemas foram sintetizados e caracterizadas utilizando os seguintes parâmetros: aspecto macroscópico, pH, tamanho das partículas (TP), índice de polidispersão (PDI) e potencial zeta (PZ). Ademais as avaliações in vitro foram realizadas utilizando-se o ensaio de MTT com as linhagens normais (L929 - fibroblastos) e tumorais (CT26 – carcinoma de cólon, S180 – sarcoma murino, MCF7 e MDA – câncer de mama humano) e por fim, a avaliação antioxidante/oxidante com Saccharomyces cerevisiae. O resultado da síntese produziu nanoformulações compatíveis com aplicações em testes in vitro e in vivo com eficiência de encapsulação de 92,8%. Essas nanoformulações (LP-CIT) juntamente com a citrinina livre (CIT) apresentaram efeitos citotóxicos para todas as linhagens celulares avaliadas, com resultados mais eficientes de citotoxicidade e seletividade para os nanossistemas, demonstrados pelo coeficiente de citotoxicidade e índice de seletividade tumoral, respectivamente. Além disso, tanto a CIT nas menores concentrações como as LP-CIT apresentaram a capacidade antioxidante demonstrada pela capacidade protetora e reparadora diante dos danos oxidativos do peróxido de hidrogênio (H2O2). No segundo capítulo, o câncer de mama em Mus musculus foi induzido pelo DMBA (6 mg/Kg, v.o.). O veículo foi o azeite de oliva (10 mL/Kg), a citrinina isolada foi testada na concentração de 2 μg/Kg-1, v.o., a ciclofosfamida - CPA (25 mg/Kg-1, i.p.) como controle positivo e as nanoformulações com citrinina, LP-CIT (2 μg/kg) e LP-CIT (6 μg/kg). A indução do câncer de mama ocorreu em onze semanas e a terapia com citrinina, CPA e LP-CIT em 3 semanas. O câncer de mama foi caracterizado como carcinoma mamário invasivo pela análise histopatológica. Nenhuma alteração comportamental, hematológica e bioquímica foi observada para LP-CIT, porém, a citrinina livre reduziu os monócitos e causou hepatoxicidade. Tanto CIT como LP-CIT foram capazes de reduzir significantemente o tumor quando comparados ao DBMA, com melhores resultados para a citrinina lipossomal. A CIT induziu efeitos genotóxicos em células tumorais de mama e linfócitos, porém, quando em nanossistemas, a LP-CIT (2 μg/kg) apresentou melhores resultados devido menor efeito genotóxico diante das células sanguíneas normais. As duas concentrações de LP-CIT (2 μg/kg e 6 μg/kg) apresentaram atividade anticâncer possivelmente relacionados com a capacidade citotóxica e genotóxica demonstrada no presente estudo. Assim, a citrinina é uma fonte promissora para formulações farmacêuticas antitumorais, sendo os nanossistemas lipossomais interessantes para melhorar a capacidade anticâncer e os efeitos adversos do metabólico fúngico em questão.