Conhecer para valorizar, para proteger e consequentemente gerar vantangens às sociedades humanas, com esse foco a presente pesquisa contribuiu com o setor da agropecuária quanto ao seu novo desafio que é produzir mais em áreas cada vez menores e com o mínimo de impacto ambiental e social. Desta forma, foi investigada a bioatividade do óleo fixo extraído das sementes da Annona coriacea Mart., espécie conhecida popularmente como araticum, pretence a família Annonaceae, a qual apresenta potencial uso em biotecnologia, e onde o gênero Annona tem sido o mais investigado para o desenvolvimento de novos produtos. Assim, o processo de obtenção do óleo foi otimizado e o perfil químico deste foi avaliado, bem como suas atividades carrapaticida, inseticida, fungicida, antimicrobiana, anticolinesterásica e citotóxica. Para estudo do processo adotou-se o planejamento fatorial 22, definindo a avaliação da influência do solvente utilizado e o tempo de extração. A avaliação química foi realizada através de cromatografia gasosa acoplada a espectometria de massas, atividade oxidativa, análise termogravimétrica e espectroscopia de infravermelho por transformada de fourier. O óleo do araticum foi testado in vitro frente Rhipicephalus (Boophilus) microplus, Tribolium castaneum, Neoscytalidium dimidiatum, Fusarium sachari, Staphylococcus aureus, S. epidermides, Escherichia coli, Pseudomonas aeruginosa, Candida albicans e C. krusei, enzima acetilcolina e em macrófagos de camundongos. O planejamento fatorial indicou que a extração feita utilizando etanol 99,8% por um período de 4h é preferível e suficiente para conseguir resultados satisfatórios. Os principais constituintes identificados foram ácido palmitoleico (40,01%), ácido araquidônico (28,35%) e ácido linolênico (18,21%). O óleo foi considerado estável, pois atendeu o critério de exposição à programação de teste no Rancimat. A estabilidade do óleo extraído com etanol ocorreu até aproximadamente 25 °C, enquanto que o óleo extraído com hexano foi de aproximadamente 110 °C. Os dados espectrais mostraram que os óleos contém hidrocarboneto sp2, hidrocarboneto sp3, grupo carbonil, grupo alquenico e ligação éster, portanto pode ser confirmado como um triglicerídeo. O óleo fixo puro ou diluído em 20% de etanol mostrou-se promissor para o controle de carrapatos bovinos na concentração de 0,5%. Também mostrou-se inibidor da enzima acetilcolinesterase, com inibição variando de 37 a 84%. Apresentou concentração citotóxica moderada contra macrófagos de camundongos, o que dá segurança de uso desse óleo em células de mamíferos. Foi inativo contra bactérias gram-positivas, gram-negativas e fungos. Permitiu controles de crescimento micelial de N. dimidiatum nas cinco doses testadas. Não foi observado controle significativo contra F. sachari, as doses 1, 2 e 3 apresentaram porcentagens baixas de inibição, enquanto as doses 4 e 5 apresentaram controle. O óleo, na maior concentração, matou todo os besouros castanhos, após 24 horas de exposição, enquanto a menor concentração apresentou o efeito tóxico mais baixo, durante as 48 horas. Pode-se concluir que o óleo fixo das sementes de araticum é um forte candidato ao desenvolvimento de biopesticidas e fármacos alternativos, entretanto, estudos adicionais são necessários para desenvolver formulações apropriadas e métodos de aplicações de biocidas e fármacos à base de A. coriacea contra pragas do setor pecuarista, de produtos armazenados e de fungos patogênicos.