Rosmarinus officinalis L. (alecrim) é uma planta medicinal, da família Lamiaceae, também utilizada como condimento e conservante de alimentos. O óleo essencial extraído de suas folhas é um líquido aromático conhecido por diversas propriedades medicinais, inclusive por seu poder anti-inflamatório e antioxidante. Entre seus constituintes estão os monoterpenos 1-8 cienol, borneol, limoneno, canfeno, cânfora e γ-terpineno, aos quais são atribuídas suas principais atividades biológicas. O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial anticoagulante e antiagregante do óleo essencial de Rosmarinus officinalis L. (OERO) livre e complexado em β-ciclodextrina (β-CD) e do seu constituinte γterpineno, além de analisar o efeito do γ-terpineno sobre a reatividade vascular em artéria mesentérica superior isolada de rato. Para verificar a segurança na utilização do OERO foram realizados os testes de: citotoxicidade, in vitro, pelo ensaio de redução dos sais de brometo de 3-(4,5-dimetiltiazol-2-yl) 2,5- difeniltetrazólio (MTT) em macrófagos murinos; e testes bioquímicos e análise histológica (coloração com hematoxilina-eosina) de ratos fêmeas tratadas uma vez ao dia, por gavagem, durante 7 dias com OERO livre (grupo OERO) ou complexado em β-CD (grupo OERO+βCD). Um grupo controle recebeu somente o veículo (Tween 80) e água destilada. No teste de MTT, concentrações de 200, 400 e 800 μg/mL apresentaram somente pequena redução da viabilidade celular e avaliando a CC50 do OERO livre e complexado com β-CD as amostras foram consideradas não tóxicas. Na investigação de parâmetros bioquímicos houve uma redução estatisticamente significativa de colesterol e glicose no grupo OERO+βCD quando comparado aos grupos OERO e controle. Redução de ALT também ocorreu nos animais do grupo OERO+βCD em relação ao grupo controle. Estudo histopatológico apresentou padrões de normalidade, sem lesão significativa tanto no tecido hepático quanto no renal. Avaliação do efeito anticoagulante foi realizada pelos testes coagulométricos, Tempo de Protrombina (TAP) e Tempo de Tromboplastina Parcialmente Ativada (TTPA), após tratamento, por via oral, durante 7 dias com OERO livre (grupo OERO), OERO complexado em β-CD (grupo OERO+βCD) ou γ-terpineno (grupo γterpineno). Resultados demostram um aumento significativo do TAP nos grupos OERO (21,96 ± 0,45), OERO+βCD (20,46 ± 1,66), e γ-terpineno (19,34 ± 0,55) quando comparados ao grupo controle (9,22 ± 0,23). Não houve diferença nos valores de TTPA. Pesquisa sobre o efeito do OERO na agregação plaquetária foi realizada por dois protocolos diferentes. No primeiro, o OERO foi adicionado diretamente, no agregômetro (100µM), ao plasma de animais não tratados. O resultado demonstrou uma redução significativa da agregação plaquetária induzida por ADP. No segundo protocolo, os animais foram tratados por via oral, durante 7 dias, com OERO ou OERO+βCD. Neste teste não houve diferença estatística entre os grupos sobre a agregação induzida por ADP. Reatividade vascular foi avaliada na artéria mesentérica superior e os resultados demonstraram que o γ-terpineno promoveu efeito vasorrelaxante na presença (pD2=5,58 ± 0,02) e na ausência do endotélio vascular (pD2=5,34 ± 0,03) sobre contrações induzidas por fenilefrina. A pré-incubação com diferentes concentrações de γ-terpineno não atenuou as contrações induzidas por adição cumulativa de fenilefrina. Para avaliar a participação dos canais de potássio no efeito vasorrelaxante, incubou-se os anéis de artéria mesentérica com tetraetilamônio (TEA) e verificou-se uma atenuação do vasorrelaxamento induzido pelo γ-terpineno (pD2=3,75 ± 0,09). Conclui-se que o OERO e OERO+βCD não apresentaram toxicidade e reduziram os valores de glicose, colesterol e ALT. OERO, OERO+βCD e γ-terpineno demonstraram efeito anticoagulante, quando utilizados por via oral e OERO apresentou efeito antiagregante na concentração de 100µM. Conclui-se ainda que o γ-terpineno apresentou efeito vasorrelaxante provavelmente por mecanismos envolvendo a participação dos canais de potássio.