O objetivo desta pesquisa foi avaliar a toxicidade aguda, citotoxicidade, atividade microbiológica, hipotensora e anti-hipertensiva do extrato das partes aéreas de Phyllanthus amarus Schumach. & Thonn (PAE), cloreto de magnésio (MgCl2) ou de um composto formado a partir de PAE e MgCl2 (PAE+ MgCl2). O perfil químico do PAE foi analisado por cromatografia gasosa com espectrômetro de massas. No estudo de toxicidade aguda os ratos foram tratados com dose oral única de 2000 mg/kg/animal. Avaliou-se a citotoxicidade pelo teste do brometo de 3-[4,5- dimetiltiazol-zil]-2-5-difeniltetrazolio (MTT). Testes de microdiluição foram realizados para determinar a concentração inibitória mínima (MIC) do PAE ou Filantina para diferentes espécies de microrganismos (Staphylococcus aureus, Staphylococcus epidermidis, Salmonella Typhimurium, Pseudomonas aeruginosa, Escherichia coli, Candida albicans). Para avaliar se o PAE ou Filantina foram capazes de agir como moduladores da resistência às fluoroquinolonas, o MIC para Norfloxacina e brometo de etídio foram determinados na presença ou ausência de PAE ou Filantina contra S. aureus SA1199-B. Para avaliar os parâmetros cardiovasculares, foram utilizados modelos de ratos hipertensos induzidos por Nω-nitro-L-arginina-metil éster (L-NAME) e a técnica da medida direta da pressão arterial e frequência cardíaca em ratos acordados. A análise química de PAE apresentou em sua composição as lignanas: Nirantina, Hipofilantina, Nirtetralina, Filantina, Filtetralina, Lignana D e Lignana 370. Os resultados dos testes de toxicidade oral com PAE, MgCl2 e PAE+MgCl2 em ratos não provocou mortes. Nos protocololos de viabilidade celular a porcentagem de células viáveis diminuiu a partir de 400 e 100 µg/mL para PAE e PAE+MgCl2 com CC50 iguais 196 e 50 µg/mL, respectivamente. O PAE mostrou atividade antimicrobiana contra cepas Gram-negativas, enquanto a Filantina foi inativa contra todas as cepas testadas. O PAE e a filantina foram capazes de potencializar a atividade antibiótica da norfloxacina contra o SA1199-B que superexpressa a bomba de efluxo NorA. Em relação à resposta sobre o sistema cardiovascular, o PAE+MgCl2 administrado por via endovenosa nas doses de 25, 50 e 100 mg/kg, promoveu efeito hipotensor dose-dependente em ratos normotensos (ΔPAM= -15,57 ± 2,84*; -40,03 ± 5,97* e -85,49 ± 4,26* mmHg, respectivamente) e efeito antihipertensivo dose-dependente, em animais hipertensos (ΔPAM= -31,65 ± 4,57*; - 68,19 ± 7,12* e -97,26 ± 8,42* mmHg, respectivamente), ambos associados à bradicardia. Após tratamento agudo com atropina, hexametônio e ioimbina os efeitos anti-hipertensivo e bradicárdico de PAE+MgCl2 foram significativamente atenuados. O tratamento por via oral com PAE+MgCl2, por 7 dias na dose de 300 mg/kg/dia promoveu diminuição significativa na pressão arterial média (PAM), 180 minutos após a administração da dose, sendo que os menores valores na PAM foram observados após 240 minutos da administração da substância-teste (ΔPAM= -21,40 ± 4,89*; -28,30 ± 3,43* mmHg, respectivamente). Este estudo sugere que a filantina pode ser utilizada como um agente potencializador da atividade da norfloxacina no tratamento de infecções causadas por S. aureus resistente a fluoroquinolonas e o PAE associado ao cloreto de magnésio induz efeito anti-hipertensivo, in vivo, em animais hipertensos L-NAME. O PAE+MgCl2, nas doses estudadas, induz efeito hipotensor, anti-hipertensivo e bradicárdico em ratos normotensos e hipertensos LNAME, provavelmente por atuação em receptores muscarínicos inespecíficos, receptores nicotínicos ganglionares e receptores α2 adrenérgicos.