Os polímeros derivados de corantes antraquinonas têm sido propostos na literatura como exemplos de sistemas multieletrônicos, caracterizados pela alta estabilidade, capacidade de armazenamento de energia e eficácia comprovada no desenvolvimento de sensores e biossensores eletroquímicos. No presente trabalho, foi proposta uma rota de eletropolimerização do corante Vermelho de Alizarina S (VAS) altamente reprodutível, a qual resultou na formação de um polímero (PVAS) cujas propriedades despertaram o interesse de aplicação deste material no sensoriamento eletroquímico de esteroides anabolizantes androgênicos (EAAs). O PVAS foi obtido via eletropolimerização por Voltametria Cíclica (VC) na superfície de um Eletrodo de Grafite Pirolítico (EGP) e apresentou 07 (sete) pares redox estáveis e reversíveis (entre -0,6 e 0,5 V vs ECS). Este comportamento foi bastante diferente do observado para a sua forma monomérica (VAS), a qual apresentou apenas 01 (um) desses pares redox. Todos os processos redox do PVAS foram investigados e caracterizados eletroquimicamente quanto à estabilidade eletroquímica, influência do pH eletrolítico durante a avaliação do comportamento Nernstiano, efeito da velocidade de varredura, mecanismo eletroquímico, entre outros parâmetros. O número de prótons e elétrons envolvidos em cada par redox foi estimado experimentalmente por VC e Voltametria de Pulso Diferencial (VPD). Por DFT (do inglês Density Functional Theory), um diagrama de distribuição de energia HOMO e LUMO foi proposto tanto para o VAS, quanto para os seus possíveis enatiômeros (VAS E1 e VAS E2). A partir dos dados experimentais e teóricos, um mecanismo de oxirredução para os principais processos do PVAS foi proposto. A possibilidade de participação de enatiômeros do VAS torna este sistema muito complexo, dificultando sua total elucidação. Por outro lado, sua alta eletroatividade associada a excelente reprodutibilidade e estabilidade justificam o emprego deste novo sistema polimérico em sensoriamento eletroquímico de EAAs. Os ensaios preliminares mostraram a eficácia do EGP/PVAS na detecção de oxandrolona em urina artificial, com um limite de detecção da ordem de 0,49 nM. Um mecanismo de interação entre o hormônio e o PVAS também foi proposto. No momento, a eletroanalítica deste sistema está sendo aperfeiçoada, visando sua futura aplicação em testes antidoping de oxandrolona em urina.