O câncer de mama é a neoplasia mais comum que acomete as mulheres nos países ocidentais, sendo a principal causa de morte entre as mulheres em todo o mundo. No Brasil, foram estimados 59.700 casos novos de câncer de mama para 2018-2019, com um risco de 56,33 casos a cada 100 mil mulheres. Contudo, tem sido sugerido que estratégias terapêuticas e prognósticas mais adequadas no câncer de mama podem ser desenvolvidas usando a expressão de genes que estão associados ao desenvolvimento, crescimento e agressividade do câncer de mama como biomarcadores, incluindo o gene CYP19A1 que codifica a enzima aromatase. A propósito, alguns estudos tem analisado a expressão gênica do CYP19A1 no câncer de mama, no entanto, muitos destes estudos mostraram resultados controversos. Assim, devido às controvérsias da expressão gênica do CYP19A1 em estudos realizados em tumores mamários e, para o melhor do nosso conhecimento, uma ausência de estudos no sangue periférico de mulheres com câncer de mama recidivado, é que propusemos caracterizar e avaliar a expressão do gene CYP19A1 no sangue periférico de mulheres com e sem câncer de mama recidivado. Esta tese foi estruturada em dois capítulos: o capítulo I teve como objetivo investigar os níveis de expressão do gene CYP19A1 em mulheres com câncer de mama. Esta revisão sistemática mostrou que níveis aumentados ou diminuídos da expressão gênica do CYP19A1 podem estar relacionados a fatores clínicos e histopatológicos, sobrevida livre de doença, sobrevida global, inflamação do tecido adiposo branco, marcadores de função metabólica, concentrações de estrona e FSH e na utilização de múltiplos exões 1 do gene CYP19A1 no câncer de mama. O capítulo II teve como objetivo comparar a expressão do gene CYP19A1 no sangue periférico de mulheres sem recidiva (controle, n= 85) e com recidiva (estudo, n= 61) do câncer mamário, e mostrou que não houve diferença significante da expressão gênica do CYP19A1 no grupo estudo em comparação ao controle (p=0,8461). No grupo com recidiva, a expressão gênica do CYP19A1 foi significantemente maior no subtipo molecular luminal híbrido do que no triplo negativo (p<0,0321), enquanto as HER2 negativo tiveram esta expressão significante menor do que as com HER2 positivo (p=0,0376). As mulheres com recidiva locoregional mostraram uma maior expressão do que as com recidiva à distância (p< 0,0001). Assim, no presente estudo não houve diferença significante da expressão gênica do CYP19A1 no grupo estudo em comparação ao controle. Contudo, em mulheres com recidivas, a expressão de mRNA do CYP19A1 foi significantemente baixa naquelas com receptor HER2 negativo e alta nas pacientes com luminal híbrido e recidivas locorregionais.