O diabetes mellitus tipo 2 (DM2) caracteriza-se por uma hiperglicemia, devido a uma deficiência de insulina causada por disfunção das células β pancreáticas, com prevalência e morbimortalidade elevada. A Bauhinia forficata Link subsp. forficata é uma espécie vegetal com atividade antioxidante significativa e que pode ser utilizada no tratamento dessa patologia e prevenção de suas complicações. Diante disso, esse estudo objetivou obter e caracterizar extratos microencapsulados, investigar a bioacessibilidade dos compostos bioativos identificados e sua atividade antioxidante e seus efeitos hipoglicemiantes em modelo animal para diabetes induzidos por estreptozotocina, bem como sua toxicogenética para a aplicação em formulações farmacêuticas para o tratamento do diabetes. Inicialmente, fez-se uma revisão de patentes sobre o tema, no âmbito nacional e internacional, empregando os termos “Bauhinia forficata” e “diabetes mellitus”. Posteriormente, empregou-se a microencapsulação por spray drying para obter os extratos secos, que foram caracterizados quanto ao teor de umidade, atividade de água, densidade, granulometria, reologia, morfologia (microscopia eletrônica de varredura), análises térmicas (calorimetria exploratória diferencial e termogravimetria), difração de raio-X, espectrometria de infravermelho, análise de cromatografia líquida de alta eficiência, acoplada à espectrometria de massas. A bioacessibilidade dos polifenóis foi avaliada utilizando-se soluções de enzimas fisiológicas, nos diferentes estágios do processo digestivo in vitro e seus efeitos na resposta ao estresse oxidativo foram verificados pelos ensaios do poder de redução do íon ferro e pela capacidade de absorção de radicais de oxigênio. Avaliou-se também os efeitos hipoglicemiantes e toxicogenéticos desses extratos microencapsulados em camundongos da linhagem Swiss. Induziu-se o DM2 nestes animais, com estreptozotocina e administrou-se os extratos, por 28 dias, sendo verificada a glicemia semanalmente e depois analisou-se os parâmetros bioquímicos, hematológicos e histológicos. Na revisão de patentes, encontrou-se apenas sete patentes com a utilização da B. forficata no tratamento diabetes, sendo importante para subsidiar o desenvolvimento desta tese. Os extratos microencapsulados das folhas de B. forficata Link apresentaram baixos valores de umidade e atividade de água, tamanho das partículas adequados para a incorporação em comprimidos e cápsulas, com características amorfas. A espectroscopia no infravermelho e a cromatografia de alta eficiência confirmaram a presença de compostos fenólicos. Os polifenóis e os flavonoides bioacessíveis, em cada etapa da digestão in vitro apresentaram atividade antioxidante, como também hipoglicemiantes, pois os resultados indicaram que a glicemia dos animais diabéticos reduziu 77,26%, 57,79% e 45,15%, após o tratamento com extrato seco infusão (200 e 600 mg/kg/dia) e extrato seco decocção (600mg/kg/dia), respectivamente, quando comparados com o grupo diabético tratado com metformina (21,53%). Observou-se também uma melhora da resposta glicêmica nesses mesmos grupos, além de uma recuperação das células β pancreáticas. Assim, este estudo demonstrou que esses extratos, apresentaram atividade hipoglicemiante, com um efeito benéfico superior ao da metformina, sendo potenciais agentes terapêuticos para aplicações em formulações farmacêuticas para o tratamento do diabetes mellitus tipo 2.