O receptor do fator de crescimento semelhante à insulina tipo 1 (IGF-1R) atua na transformação maligna, proliferação e sobrevivência de células tumorais. No câncer de mama, diversos estudos têm associado a superexpressão deste receptor à metástase, resistência terapêutica e menor sobrevida livre da doença. Acredita-se que polimorfismos no gene IGF-1R podem estar relacionados à sua superexpressão. Entretanto, há controvérsias quanto ao potencial efeito funcional e impacto clínico na carcinogênese mamária. Para etapa de qualificação da tese, foi realizada uma revisão sistemática com o objetivo de ampliar a compreensão sobre o papel de polimorfismos no gene IGF-1R no câncer de mama e identificar potenciais marcadores genéticos associados ao risco e prognóstico clínico de mulheres com a doença. A pesquisa de artigos foi realizada nas bases de dados PubMed, Scopus e Web of Science, usando termos MeSH (Medical Subjects Headings) e palavras relacionadas, combinadas aos operadores booleanos AND e OR, sem limite de ano e idioma de publicação. As recomendações dos Itens de Relatórios Preferenciais para Revisões Sistemáticas e Meta-Análises (PRISMA) foram seguidas na condução desta revisão. Estudos observacionais e de intervenção foram considerados elegíveis. Para avaliação da qualidade metodológica e do risco de viés foram utilizados, respectivamente, a Escala Newcastle-Ottawa e a ferramenta de Colaboração Cochrane. Todas as etapas de seleção, inclusão, extração de dados e avaliação metodológica foram conduzidas, de maneira independente, por dois avaliadores, obtendose escore Kappa indicativo de concordância “quase-perfeita”. No total, 138 artigos foram recuperados na pesquisa, dos quais dez foram incluídos nesta revisão. Oito estudos avaliaram os polimorfismos no gene IGF-1R em relação ao risco de câncer de mama, e dois investigaram sua associação com o prognóstico clínico. Os resultados de sete estudos demonstraram potencial efeito funcional de dez polimorfismos de nucleotídeo único (SNP) no câncer de mama. Apenas um deles, localizado na região reguladora não traduzida 3’-UTR, foi consistentemente associado ao risco e prognóstico clínico da doença. Três estudos demonstraram associações nulas entre polimorfismos no gene IGF1R e risco de câncer de mama. Conclui-se que polimorfismos no gene IGF-1R são potenciais biomarcadores genéticos de risco e progressão do câncer de mama, sendo o SNP rs2016347 o mais consistentemente associado à tumorigênese mamária. Apesar disso, a relevância funcional e impacto clínico permanecem incertos, sendo necessário estudos adicionais de associação genômica, de base populacional, em diferentes etnias e subgrupos moleculares da doença.