Os fungos endófitos marinhos são ricos em agentes terapêuticos. O estudo objetivou investigar o perfil toxicogenético do extrato acetonitrila e metabólitos dicitrinina-A e citrinina, obtidos do P. citrinum em Artemia salina, Allium cepa e Saccharomyces cerevisiae, como análises preliminares para a avaliação tóxica, citotóxica, genotóxica e antitumoral da citrinina em modelos murinos para Sarcoma 180 e para câncer de mama induzido por 7,12- dimetilbenzantraceno, com monitoramentos comportamentais, bioquímicos, histopatológicos e imuno-histoquímicos (Ki-67). O extrato acetonitrila e os isolados foram identificados por cromatografia líquida e gasosa. Náuplios de A. salina foram expostos por 24 e 48 horas e A. cepa por 72 horas aos compostos. A avaliação oxidante/antioxidante foi feita em pré, co- e póstratamento com H2O2 em S. cerevisiae. A citrinina nas concentrações de 0,5; 1,0 e 2 µg/mL foi incubada durante 68 horas em células do líquido ascítico de Sarcoma180 e reincubadas durante 4h em estufa a 37C e a 5% CO2 após adição de suspensão de células, 20 L de [3-(4,5- dimetiltiazol-2yl)-2,5-difenil tetrazolium] (5 mg/mL). Depois 0,5 x 106 células/mL da suspensão foram submetidas aos testes cometa alcalino e de micronúcleos. O câncer de mama em Mus musculus, fêmeas virgens, foi induzido pelo 7,12-dimetilbenzantraceno (6 mg/Kg, v.o.). O veículo foi o azeite de oliva (10 mL/Kg), citrinina testada em 2 µg/Kg-1 , v.o. e a ciclofosfamida (25 mg/Kg-1 , i.p.), como controle positivo. A indução do câncer de mama ocorreu em onze semanas e a terapia com citrinina em 3 semanas. Em A. salina, o extrato acetonitrila, citrinina e a dicitrinina-A apresentaram toxicidade com CL50 (24 horas) de 2,03 µg/mL, 1,71 µg/mL e 2,29 µg/mL, bem como CL50 (48 horas) de 0,51 µg/mL, 0,54 µg/mL e 0,54 µg/mL, respectivamente. Em A. cepa, os compostos foram citotóxicos pelo baixo índice mitótico e mutagênicos pelo aumento de micronúcleos e de alterações cromossômicas. O extrato e seus metabólitos, em S. cerevisiae, somente em baixas concentrações, foram antioxidantes frente ao H2O2 em linhagens proficientes e mutantes para a superóxido dismutase citoplasmática e mitocondrial. A CI50 da citrinina, em células de S-180 foi de 3,77 µg/mL e nas concentrações 12,5 e 100 µg/mL, foi tão citotóxica quanto à doxorrubicina (2 µg/mL). Em 0,5; 1,0 e 2 µg/mL, citrinina induziu genotoxicidade e mutagenicidade em células de S-180, especialmente em 2 µg/mL, por danos oxidativos similares ao peróxido de hidrogênio (10 mM), por mecanismos associados a danos citogenéticos, especialmente apoptoses. O câncer de mama foi caracterizado como carcinoma mamário invasivo pela imuno-histoquímica e análise histopatológica. A citrinina induziu efeitos genotóxicos em células da mama, medula, linfócitos e fígado, e efeitos mutagênicos pela formação de micronúcleos, pontes, brotos e células binucleadas em medula óssea e fígado. Não foram observadas alterações nos pesos dos órgãos, exceto nas mamas. Efeitos similares da genotoxicidade foram observados para citrinina e ciclofosfamida, mas reparo de danos em linfócitos foi observado apenas na terapia com citrinina, que apresentou ação antitumoral, por mecanismos citogenéticos, possivelmente, associado a estresse oxidativo. Os compostos bioativos obtidos do extrato acetonitrila do P. citrinum são fontes promissoras para formulações farmacêuticas antitumorais.