A esquistossomose é uma doença grave e atualmente estima-se que afete mais de 207 milhões de pessoas no mundo todo. Devido ao uso intensivo de praziquantel, há uma crescente preocupação com o desenvolvimento de estirpes resistentes ao medicamento. Portanto, é necessário a busca e investigação por novos compostos com potencial efeito esquistossomicida. Essa busca vem sendo feita principalmente a partir de produtos oriundos das plantas. A pesquisa de novas drogas esquistossomicidas levou ao estudo de substâncias naturais, tais como curcumina, fitol, epiisopiloturina e epiisopilosina. O projeto em questão tem interesse especificamente em epiisopiloturina e epiisopilosina que são alcaloides extraídos de Pilocarpus microphyllus, cuja atividade in vitro contra S. mansoni, já foi relatada. O capítulo I apresenta uma breve revisão sobre produtos naturais, alcaloides, alcaloides presentes na espécie Pilocarpus microphyllus, principalmente epiisopiloturina e epiisopilosina e sobre a esquistossomose. No capítulo II verificamos o efeito in vivo da epiisopiloturina (EPI) contra vermes adultos e jovens de Schistosoma mansoni. Na experiência, os camundongos foram tratados com EPI 21 dias pós-infecção com as doses de 40 e 200 mg/kg e 45 dias pós-infecção com doses únicas de 40, 100 e 300 mg/kg. O tratamento com EPI a 40 mg/kg foi mais eficaz em vermes adultos quando em comparação com doses de 100 e 300 mg/kg. O tratamento com 40 mg/kg em vermes adultos reduziu a carga parasitária significativamente, levando à redução da hepatoesplenomegalia, reduziu a carga de ovos nas fezes e diminuiu o diâmetro dos granulomas. Adicionalmente, o tratamento in vivo contra vermes jovens com 40 mg/kg também mostrou uma redução da carga parasitária total. Estudos histopatológicos foram realizados no fígado, baço, pulmão, rim e cérebro e EPI demonstrou ter uma DL50 de 8000 mg/kg. No capítulo III avaliamos o efeito in vivo do alcaloide epiisopilosina (EPIIS) contra vermes adultos de Schistosoma mansoni. Além disso foi analisado o efeito citotóxico, a toxicologia in silico e toxicologia aguda da EPIIS em comparação com seu isômero EPI. Nos testes anti-helmínticos, os camundongos foram tratados com EPIIS 60 dias pós-infecção (vermes adultos) com dose única de 100 mg/kg. O tratamento reduziu a carga parasitária significativamente, levando à redução da hepatoesplenomegalia, e redução dos ovos imaturos. Além disso, tanto o alcaloide EPI quanto EPIIS, mostraram ser bem toleráveis nas análises in silico e não apresentaram efeitos citotóxicos para as células 4T1, B16F10, HaCaT e NIH-3T3. A avaliação da toxicidade aguda de EPI e EPIIS não demonstrou nenhum efeito tóxico na dose de 2000 mg/kg e os tratamentos não mostraram diferença significativa nos parâmetros hematológicos e bioquímicos em relação ao grupo controle. Em conclusão, os alcaloides testados mostram potencial para serem utilizados no tratamento contra esquistossomose, sem demonstrar citotoxicidade e toxicidade aguda aparente. Esta é a primeira vez que a atividade esquistossomicida in vivo desses alcaloides é reportada.