Preparação e caracterização de nanocompósitos a base de argila e goma do cajueiro para aplicação em sistemas de liberação de fármacos.
nanocompósito, doxazosina, adsorção, goma, argilominerais, argilas
A nanotecnologia está relacionada com o desenvolvimento de materiais de dimensões nanométricas e atualmente seu conceito é aplicado em diversas áreas de pesquisa. O desenvolvimento de nanomateriais tem impulsionado pesquisas, principalmente com o objetivo de obter nanocompósitos, devido à possibilidade de ampliação das aplicações de alguns materiais. Nanocompósitos de natureza orgânica e inorgânica vêm ganhando destaques em aplicações que vão desde a indústria automobilística até à farmacêutica. Este trabalho iniciou-se com uma revisão com o objetivo de conhecer informações bibliográficas (de artigos) e tecnológicas (patentes) a respeito de nanocompósitos de argilas e gomas. Para isso, realizou-se buscas de artigos nas bases Web of Science, Scopus e Sciencedirect e de patentes nos bancos de dados European Patent office (EPO), World Intellectual Property Organization (WIPO), United States Patent and Trademark Office (USPTO) e do Instituto Nacional de Propriedade Industrial utilizando descritores relacionados ao tema. Com os resultados desse estudo foi possível observar que as gomas guar, gelana, brea, alginato de sódio, xantana e goma do caju já foram aplicadas na síntese de nanocompósitos com argilas, sendo que o maior número de artigos publicados com relação a esta aplicação é com o alginato. Foi possível constatar que a manipulação de goma de caju e caulinita visando obtenção de nanocompósitos é inovador até o presente momento, visto que não foram encontradas patentes e nem artigos científicos nas bases pesquisadas. Neste contexto, nanocompósito a base de argila e goma do cajueiro foi sintetizado e caracterizado por Difração de Raios X (DRX), Espectroscopia no Infravermelho com transformada de Fourier (FTIR), Microscopia Eletrônica de Varredura (MEV), Calorimetria Exploratória Diferencial (DSC) e Análise Termogravimétrica (TGA). O material foi aplicado na incorporação da doxazosina. A influência do pH da solução, dose do adsorvente, concentração inicial do fármaco, tempo de contato e temperatura foram avaliados. O equilíbrio foi atingido em um tempo relativamente curto, de 60 minutos, onde foi observado uma capacidade de adsorção máxima de 30,4±1,63 mg.g-1. Para descrever o mecanismo que controla o processo de adsorção, a cinética de adsorção foi estudada ajustando os dados experimentais aos modelos cinéticos de pseudo primeira ordem, pseudo segunda ordem e difusão intrapartícula. O modelo de pseudo segunda ordem apresentou melhor descrição da adsorção da doxazosina no nanocompósito. Os dados experimentais também foram ajustados aos modelos de isotermas de Freundlich e Langmuir e foi observado um bom ajuste dos dados ao modelo de Freundlich. O processo foi avaliado como endotérmico e e não espontâneo nas temperaturas estudadas. O nanocompósito obtido se mostrou eficiente na incorporação da doxazosina e com a vantagem de ser sintetizado a partir de matéria-prima abundante e de custo relativamente baixo.