Prospecção tecnológica, perfil químico sazonal, aspectos moleculares e morfológicos de Pilocarpus microphyllus Stapt ex Wardleworth (jaborandi): importante espécie da flora medicinal brasileira
Pilocarpus microphyllus, jaborandi, sazonalidade, alcaloides, prospecção tecnológica, pilocarpina, epiisopiloturina.
O presente estudo descreve a sazonalidade dos alcaloides imidazolicos da espécie Pilocarpus microphyllus (Jaborandi) cultivada no estado do Piauí, Brasil, com foco na utilização como matéria-prima para o isolamento de fitofármacos pela indústria farmoquímica nacional. O Capítulo I apresenta breve revisão sobre o gênero Pilocarpus e a espécie P. microphyllus e seus principais alcaloides. No Capítulo II a prospecção tecnológica destaca a importância da espécie devido ao uso do alcaloide pilocarpina (PIL) no tratamento do glaucoma e xerostomia e abre perspectivas para aplicação biotecnológica dos alcaloides secundários. A base Web of Science para gênero Pilocarpus resultou em 56 artigos e para a espécie P. microphyllus 17 entre 1993 a 2012. O Brasil se destaca com a publicação de 16 artigos, no entanto na busca por patentes o Japão lidera na proteção refletindo a falta de cultura do Brasil de patentear tecnologias. O capítulo III apresenta a patente: processo de extração, purificação e isolamento do alcaloide epiisopiloturina (EPI), submetida INPI/ BR 102012 0183013, co-titularidade UFPI e Anidro S.A. O capítulo IV apresenta a sazonalidade dos alcaloides, PIL e EPI, em três populações (S01; S02 e S03) cultivadas durante um ano. Os resultados evidenciaram PIL como principal alcaloide e o teor diferindo entre as populações em todos os meses, exceto setembro. O grupo jaborandi linha verde (S01) apresentou um alto teor de PIL em comparação com jaborandi linha tradicional (S02 e S03), que tiveram teores semelhantes. O teor de PIL diminuiu gradualmente nas três populações no período chuvoso. Quanto ao teor de EPI, S01 apresentou significativamente menor teor em todos os meses, demonstrando não ser a melhor variedade para a extração do promissor alcaloide EPI contra a esquistossomose. Marcadores ISSR e análise morfológica separaram claramente as populações, em concordância com resultados das análises químicas. No Capítulo V verificamos o perfil químico sazonal e quantificação dos alcaloides secundários, epiisopilosina, pilosina, isopilosina e macaubina presentes na espécie cultivada e a avaliação do perfil cromatográfico e quantificação de todos os alcaloides imidazolicos em populações nativas no estado do Piauí. Em conclusão, este estudo evidencia pela primeira vez a correlação entre os estudos químicos, morfológicos e moleculares de P. microphyllus cultivado no estado do Piauí, destacando os benefícios potenciais de uma abordagem multidisciplinar com o objetivo de fornecer subsídios à indústria para seleção de possíveis variedades de interesse medicinal e conservação das populações nativas.