Terapia com células-tronco neurais progenitoras na epilepsia em modelo experimental murino.
Epilepsia, Farmacologia, Neuroesferas, Sistema Nervoso Central, Terapia Celular.
A epilepsia é um conjunto de distúrbios neurológicos resultantes de um elevado número de funções cerebrais desordenadas que desenvolvem alterações neuronais. Nos últimos anos as células-tronco têm sido alvo de pesquisas com a análise do potencial terapêutico para diversos processos patológicos. A ausência de um tratamento farmacológico apropriado para a epilepsia incentiva o estudo da utilização das células-tronco neurais progenitoras na reparação dos danos acometidos por essa doença. O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial terapêutico e regenerativo das células-tronco neurais progenitoras provenientes da região subventricular do encéfalo de ratos na reparação de lesão tecidual em ratos epilépticos induzidos pelos fármacos pilocarpina, pentilenotetrazol e picrotoxina. Uma prospecção científica e tecnológica foi realizada em bases de dados sobre a temática. Além disso, foram realizados isolamento e cultivo de células-troncos neurais progenitoras com posterior caracterização por meio de teste com azul de tripan, marcação por Qtracker® 655 Cell Labeling Kit e imunofluorência com GFAP, e avaliação do estresse oxidativo em cultura. Para a avaliação do potencial terapêutico desse tipo celular no processo de reparação da lesão ocasionada pela epilepsia, utilizou-se 32 ratos nos quais foi realizada a infusão de neuroesferas marcadas para rastreamento celular, e os encéfalos foram submetidos a testes neuroquímicos e análise histopatológica. Na prospecção tecnológica foram observados poucos pedidos de depósito de patente e artigos científicos publicados. Em relação ao isolamento e cultivo das células-tronco neurais observou-se que as células tiveram 95% de viabilidade em cultura e por meio das marcações com Qtracker® 655 e anticorpo GFAP evidenciaram morfologia e características específicas para esse tipo celular, além de não apresentarem estresse oxidativo até o 15º dia de cultivo celular, período esse em que as neuroesferas foram utilizadas para a terapia nos ratos com lesão cerebral provocada pela epilepsia. Após 30 dias da infusão, as neuroesferas infundidas na veia da cauda de ratos foram rastreadas nos encéfalos. A dose dos fármacos indutores de epilepsia comprometeu o microambiente cerebral, visto que não houve estresse oxidativo na cultura celular, mas houve nas regiões encefálicas com e sem infusão das neuroeferas. Na análise histopatológica foi visto processo inflamatório, necrose, desmielização e vacuolizações na região cerebral provocada pela epilepsia, e apesar de persistirem no grupo tratado com neuroesferas, foi verificado que as células se distribuiram por todo o tecido cerebral, diferenciando-se, principalmente no grupo epiléptico por pilocarpina, concentrando-se nas áreas em necrose. Assim, as células-tronco neurais progenitoras sinalizam potencial promissor na reparação de lesões e uma estratégia para a melhora de danos ocasionados pela epilepsia.