Estudos pré-clínicos da toxicidade aguda e avaliação farmacológica da N-(2-feniletil)benzamida (Riparina A) com ênfase na sua atividade central ansiolítica.
aniba, ansiedade, GABA, pré-clínico, toxicidade.
A Aniba riparia (Lauraceae) é uma importante planta medicinal amazônica da qual podem ser extraídos alcaloides do tipo alcamida conhecidos no meio científico como riparinas. A riparina A (Rip-A) consiste em molécula sintética cuja estrutura química é considerada o arcabouço fundamental de todas as riparinas. Este estudo objetivou realizar a avaliação dos efeitos antioxidante, antitumoral e leishmanicida in vitro da riparina A, avaliar a toxicidade aguda oral da molécula e examinar os efeitos ansiolíticos da Rip-A sobre o comportamento de camundongos mediante utilização do teste do labirinto em cruz elevado, teste da caixa claro/escuro, teste de esconder esferas e de análises de química computacional para elucidar as possíveis interações moleculares envolvidas no mecanismo de ação da molécula junto ao receptor GABAA (α2β1γ2). Nos ensaios antioxidantes, a Rip-A reduziu os níveis de DPPH• (CE50 de 450,1 μg mL-1) e causou a inibição do radical ABTS•+ (CE50 de 296,2 μg mL-1). O estudo demonstrou que a riparina A apresenta moderada atividade antiproliferativa contra células tumorais de carcinoma de cólon (HCT-116), com concentração inibitória de 21,7 μg mL-1 e potencial atividade leishmanicida contra formas promastigotas de L. amanzonensis com CI50 de 307,0; 193,7 e 81,8 μg mL-1, respectivamente, após 24, 48 e 72h de incubação. No screening hipocrático a substância não causou alterações comportamentais tão pouco provocou mortes nos grupos tratados. Foi verificado que a dose de 2000 mg kg-1 aumentou o consumo de ração e o peso corporal dos roedores. Os tratamentos não causaram alterações hematológicas significativas e houve a modificação de apenas um marcador bioquímico com elevação dos níveis séricos dos triglicerídeos dos animais tratados. A administração aguda da riparina A não causou variação no peso relativo do baço, cérebro, fígado e rins dos animais, porém, foi identificada a presença de alterações histopatológicas hepáticas e renais. Baseado nos resultados, o presente estudo permitiu verificar que a riparina A é uma substância sintética de baixa toxicidade, categoria 5 da Globally Harmonised System e DL50 superior a 2000 mg kg-1. Nos modelos comportamentais, a Rip-A promoveu a elevação do tempo de permanência nos braços abertos (TPBA) e da porcentagem do tempo de permanência nos braços abertos (PTBA) no teste do labirinto em cruz elevado, assim como, aumentou o número de transições entre os compartimentos (NTC) e o número de esferas escondidas (NEE) nos ensaios da caixa claro escuro e teste de esconder esferas, respectivamente, sobretudo na dose de 200 mg kg-1, não superando, porém, o diazepam (1 mg kg-1). Foi constatado que a Rip-A apresentou interações estáveis no receptor GABAA preponderantemente entre subunidades α2 e β1 com formação de ponte de hidrogênio com o resíduo Tyr87. A partir dos resultados obtidos, pode-se sugerir a realização de novas pesquisas de delineamento farmacêutico com a riparina A visando o incremento das atividades farmacológicas apresentadas.