O câncer de mama é considerado um problema global com maior número de casos em
países em desenvolvimento. O principal tratamento para esta neoplasia é a
quimioterapia, nesse caso, a busca de novos antineoplásicos mais naturais e menos
agressivos continua sendo um foco importante nas pesquisas oncológicas. Dentro desta
perspectiva, a citrinina (CIT) é um metabólito secundário de fungos filamentosos do
gênero Penicillium com bons efeitos biológicos, tais como, apoptose e estresse
oxidativo, porém com conhecida toxicidade. Assim, a presente pesquisa teve como
objetivo geral o desenvolvimento de uma nanoformulação farmacêutica lipossomal
compatível com estudos pré-clínicos e sua avaliação nanotoxicogenética utilizando
linhagens celulares tumorais mamárias MDA-MB-231 (adenocarcinoma mamário
humano) e MCF7 (tumoral luminal epitelial humano). No Capítulo I, foi realizado uma
revisão sistemática sobre a utilização da CIT em estudos experimentais relacionados ao
potencial anticâncer, indução de apoptose e parada do ciclo celular, que podem efetuar
uma atribuição determinante na patogênese do câncer. A busca foi realizada no período
de 1978 - 2020. Foram identificados 37 artigos que mostraram a CIT atuando em
mecanismos de resposta promissores, intervindo em importantes mediadores e vias de
sinalização celular, tais como indução da morte celular, capacidade de reduzir o reparo
do DNA e induzir efeitos citotóxicos e genotóxicos, levando a apoptose em células
neoplásicas podendo gerar efeitos bloqueadores do processo neoplásico. No Capítulo II,
realizou-se a síntese das nanoformulações lipossomais contendo CIT (LP-CIT) e sua
avaliação citotóxica e genotóxica. Para avaliação do seu potencial toxicogenético, o
estudo fez a exposição in vitro da citrinina livre (CIT - 0,5; 1,0 e 2,0 μg/mL), citrinina
em lipossoma (LP-CIT.- 0,5; 1,0 e 2,0 μg/mL), lipossoma vazio (LV – 2 μg/mL) e os
controles negativo e positivo com Doxorrubicina (Dox - 2,0 μg/mL), com posterior
análise da sua citotoxicidade e capacidade de induzir morte celular pelos testes do MTT,
azul de Tripan, microscopia confocal de fluorescência e citometria de fluxo além da
análise da genotoxicidade utilizando o teste de cometa versão alcalina. As
nanoformulações lipossomais (LP-CIT) sintetizadas foram caracterizadas utilizando os
seguintes parâmetros: aspecto macroscópico, pH, tamanho das partículas (TP), índice de
polidispersão (PDI) e potencial zeta (PZ). A síntese do nanossistema apresentou
lipossomas contendo citrinina com tipo (vesículas unilamelares pequenas), tamanho,
diâmetro hidrodinâmico (143,3 nm), índice de polidispersão (0,3) e carga de superfície
(+28,5 mV) compatíveis com aplicações em testes in vitro e in vivo com eficiência de
encapsulação de 92,8% de citrinina em lipossomas convencionais carregados
positivamente. As LP-CIT juntamente com a citrinina livre (CIT) apresentaram efeitos
citotóxicos para todas as linhagens celulares avaliadas no teste de MTT e azul de tripan,
com menores valores de IC50 para os nanocarreadores. A citometria de fluxo e
microscopia de fluorescência demostraram a não citotoxicidade dos lipossomas vazios e
a capacidade da CIT e LP-CIT em induzir morte celular em células mamárias tumorais,
com melhores resultados para as nanoformulações. Ademais, CIT e LP-CIT
apresentaram genotoxicidade pelo ensaio cometa nas células MDA-MB-231
demonstrados pelos significativos valores de índice de dano e frequência de dano. Em
conclusão, a CIT e LP-CIT apresentaram atividades citotóxicas e genotóxicas em linhagens tumorais de mama, com ênfase a potencialização do efeito quando em nanoformulação.