O câncer de mama é a neoplasia mais comum que acomete as mulheres nos países ocidentais, sendo a principal causa de morte entre as mulheres em todo o mundo. No Brasil, para cada ano do triênio 2020-2022, foram estimados cerca de 66.280 casos novos de câncer de mama e 17.572 casos de morte pela doença. Contudo, tem sido sugerido que estratégias terapêuticas e prognósticas mais adequadas no câncer de mama podem ser desenvolvidas usando biomarcadores de genes que estão associados ao desenvolvimento, crescimento e agressividade do câncer de mama, como o gene CYP19A1, que codifica a enzima aromatase, responsável pela conversão de androgênio em estrogênio. A propósito, alguns estudos tem analisado a expressão gênica do CYP19A1 (mRNA do CYP19A1) no câncer de mama, no entanto, muitos destes estudos mostraram resultados controversos. Assim, devido às controvérsias sobre a expressão gênica do CYP19A1 em estudos realizados em tumores mamários e, até onde investigamos, uma ausência de estudos no sangue periférico de mulheres com câncer de mama recidivado, é que propusemos avaliar o papel da expressão do gene CYP19A1 no sangue periférico de mulheres com e sem recidiva de câncer de mama. Esta tese foi estruturada em dois capítulos: O capítulo I teve como objetivo investigar os níveis de expressão do mRNA do CYP19A1 em mulheres com câncer de mama por meio de um artigo de pesquisa envolvendo uma revisão sistemática. Esta revisão sistemática mostrou que níveis aumentados ou diminuídos da expressão mRNA do CYP19A1 podem estar relacionados a fatores clínicos e histopatológicos, sobrevida livre de doença, sobrevida global, inflamação do tecido adiposo, marcadores de função metabólica, concentrações de estrona e FSH e na utilização de múltiplos exons 1 do gene CYP19A1 no câncer de mama. O capítulo II teve como objetivo comparar a expressão do gene CYP19A1 no sangue periférico de mulheres com câncer de mama sem recidiva (controle, n= 85) com mulheres com recidiva (estudo, n= 61), que não mostrou diferença significante da expressão gênica do CYP19A1 no grupo estudo em comparação ao controle (p=0,8461). No grupo com recidiva, o mRNA do CYP19A1 foi significantemente maior no subtipo molecular luminal híbrido do que no triplo negativo (p <0,0321), enquanto as pacientes com câncer HER2 negativo mostraram esta expressão significante menor do que as com HER2 positivo (p= 0,0376). As mulheres com recidiva locorregional mostraram um maior mRNA do CYP19A1 do que as com recidiva à distância (p< 0,0001). Assim, no presente estudo não houve diferença significante da expressão gênica do CYP19A1 entre o grupo estudo e o grupo controle. Contudo, em mulheres com câncer de mama recidivado, a expressão de mRNA do CYP19A1 foi significantemente menor naquelas com receptor HER2 negativo e maior nas pacientes com luminal híbrido e recidivas locorregionais.