A utilização de substâncias naturais e o desenvolvimento de fármacos a partir de plantas medicinais têm aumentado substancialmente a cada ano em todo o mundo, levando a trocas interculturais e a difusão do uso de técnicas biotecnológicas e de produtos terapêuticos naturais. Uma substância promissora para ser usada na medicina é a bergenina, uma molécula derivada do ácido gálico. Ela é o componente majoritário do extrato etanólico das raízes de Peltophorum dubium, conhecida popularmente como angico amarelo, canafístula ou faveiro. As raízes dessa planta são muito utilizadas na medicina popular para tratar inflamações e também como anticoncepcional. O objetivo do estudo foi realizar a bioprospecção da bergenina em modelos experimentais de inflamação, além de determinar seu potencial antioxidante por meio de estudos da modulação por parâmetros in vitro. A estrutura molecular da substância foi elucidada por técnicas espectroscópicas utilizando RMN, Difração de Raio-X, IV-TF e DSC. Depois disso, foi avaliada a capacidade antioxidante in vitro da bergenina contra os radicais 2,2-difenil-1-picrilhidrazil (DPPH•), ácido 2,2'-azinobis-3-etilbenzotiazolina-6-sulfônico (ABTS•+), radical hidroxila (OH•), óxido nítrico (NO) bem como a sua capacidade de transferir elétrons pelo potencial redutor, a capacidade de quelar íon ferro e o potencial de inibir a peroxidação lipídica (TBARS). Depois a nível celular, foi avaliada a capacidade antioxidante contra o dano oxidativo produzido por AAPH em eritrócitos, sua propriedade hemolítica, o potencial de inibir a hemólise e a capacidade de conservar a glutationa intracelular. Assim, foi demonstrado a importância deste composto na proteção contra o estresse oxidativo. Também foi avaliado o efeito e o mecanismo de ação da bergenina na inflamação desencadeada por lipopolissacarídeos em macrófagos peritoneais de camundongos, através das dosagens de nitrito, expressão de iNOS, a fosforilação de STAT3 e de proteínas da família MAPK, a degradação de IκB-α, a produção de TNF-α, IL-1β, IL-6 e IL-17. Nessa etapa, foi possível perceber que a bergenina não exibe atuação pelas vias de sinalização MAPKs e NF-κB, sendo sensível à via Jak-STAT. Também foram explorados os efeitos da bergenina em um modelo de colite ulcerativa aguda induzida por TNBS. A administração de bergenina levou a diminuição dos danos macro e microscópicos da colite, diminuiu a mieloperoxidase, também foi capaz de diminuir a expressão das proteínas COX-2, iNOS, IκB-α, pSTAT3 e os níveis de IL-1β e IFN-γ, aumentou IL-10 e inibiu o inflamassoma-NLRP3/ASC por via canônica e não canônica. Sendo possível concluir que a bergenina pode ser um forte candidato a fármaco anti-inflamatório e antioxidante.