O Borneol é um monoterpeno bicíclico que pode ser obtido como mistura racêmica [(+)-Borneol + (-) - Borneol] a partir de óleos essenciais de plantas medicinais como a Valeriana officinalis L. (Erva de gato), Matricaria chamomilla L. (Camomila), Lavandula officinalis Chaix & Kitt (Alfazema) ou como molécula sintética de grande aplicação na indústria alimentícia, cosmética e farmacêutica. Estudos farmacológicos do Borneol indicam atividade cardiovascular, aumento da permeabilidade da barreira hematoencefálica, antinocicepção e neuroproteção. Porém, informações sobre os efeitos do (-) - Borneol [(-) - BOR] ainda são escassas. Neste trabalho, utilizou-se o monoterpeno (-) - BOR sintético sobre o Sistema Nervoso Central (SNC) e os resultados referentes aos resultados obtidos a partir dos modelos animais de ansiedade, adicção e neuroproteção empregados na pesquisa foram apresentados em 3 (três) capítulos. No primeiro capítulo investigou-se o possível efeito sedativo e ansiolítico do (-) - BOR em camundongos. O (-) - BOR apresentou efeito ansiolítico ao reduzir o tempo de início e prolongar o tempo total de sono induzido por tiopental sódico. Além disso, o (-) - BOR também apresentou efeito ansiolítico ao reduzir a atividade locomotora dos animais no teste do campo aberto e ao aumentar o tempo de permanência dos animais na área clara e nos braços abertos nos testes da caixa claro-escuro e labirinto em cruz elevado, respectivamente. Como embasamento teórico, realizou-se um estudo de docagem molecular entre o (-) - BOR e o receptor GABAA (GABAAR). Assim, no estudo de docagem, foi possível perceber que existe interação molecular entre o monoterpeno e o GABAAR sendo este, portanto, um possível mecanismo de ação ansiolítica. No segundo capítulo investigouse a atividade do (-) - BOR em camundongos dependentes e abstinentes a morfina. No estudo, foi possível observar que o (-) - BOR interfere no desenvolvimento de preferência condicionada por lugar (PCL) por morfina ao reduzir o tempo de permanência dos animais no ambiente pareado e na abstinência, ao reduzir o comportamento de saltar. A avaliação do efeito genotóxico do (-) - BOR foi realizada em sangue periférico dos camundongos através do teste do cometa. Em nenhum dos parâmetros observados o (-) - BOR apresentou efeito genotóxico, garantindo segurança a sua potencial aplicação farmacoterapêutica. No terceiro capítulo, investigou-se o efeito neuroprotetor do (-) - BOR na fragmentação de DNA induzida por morfina em áreas mesolímbicas como o hipocampo e córtex pré-frontal de camundongos. O (-) - BOR reduz o dano ao DNA induzido por morfina nas duas áreas mesolímbicas avaliadas, o que provavelmente protegeria essas áreas em pacientes que utilizam morfina de forma crônica. A avaliação do (-) - BOR sobre a atividade da enzima lactato desidrogenase (LDH) demonstra que os efeitos do monoterpeno não podem ser relacionados com atividade antinecrótica, pois tanto o (-) - BOR quanto a morfina não interferem na atividade da enzima.