Células-tronco neurais em modelos de epilepsia no rato Wistar: ensaio pré-clínico.
Neuroesferas; Farmacologia; Sistema Nervoso Central; Terapia Celular.
A epilepsia é um conjunto de distúrbios neurológicos resultantes de um elevado número de funções cerebrais desordenadas que desenvolvem alterações neuronais. Nos últimos anos as células-tronco têm sido alvo de pesquisas com a análise do potencial terapêutico para diversos processos patológicos. A ausência de um tratamento farmacológico apropriado para a epilepsia incentiva o estudo da utilização das células-tronco neurais na reparação das lesões neurais por essa doença. O objetivo deste estudo foi avaliar o potencial terapêutico das células-tronco neurais, provenientes da região subventricular do cérebro de ratos, na reparação de lesão tecidual em ratos epilépticos. Uma prospecção científica e tecnológica foi realizada nas bases de dados INPI, Latipat, Spacenet e Science Direct sobre a temática. O isolamento e cultivo de células-troncos neurais para a obtenção das neuroesferas foram realizados para posterior caracterização por meio de teste com azul de tripan, marcação com Qtracker® 655 Cell Labeling Kit e proteína glial fibrilar ácida, além da avaliação do estresse oxidativo em cultura por meio das atividades glutationa reduzida, superóxido dismutase e catalase. Utilizou-se 24 ratos para a indução da epilepsia por pilocarpina, pentilenotetrazol e picrotoxina, dos quais 12 receberam a infusão de neuroesferas marcadas com Qtracker® para rastreamento celular. Os encéfalos foram submetidos à análise do estresse oxidativo e histopatológica. Na prospecção tecnológica foram observados 10042 pedidos de depósito de patente e 42879 artigos científicos publicados, ambos não relacionados diretamente as neuroesferas e terapia da epilepsia. Em relação ao isolamento e cultivo de células-tronco neurais foi observado que a cultura apresentou 95% de células viáveis, com morfologia e características específicas para esse tipo celular, além de não apresentarem estresse oxidativo entre o 7º e 30º dia de cultivo celular. Após 30 dias da infusão celular pela veia da cauda dos ratos, as neuroesferas foram rastreadas nos encéfalos. A dose dos fármacos indutores de epilepsia comprometeu o microambiente cerebral, visto que não foi observado estresse oxidativo na cultura celular a ser infundida, mas as regiões encefálicas com e sem infusão das neuroeferas apresentaram estresse oxidativo. Na análise histopatológica foi visto processo inflamatório, necrose, desmielização e vacuolizações na região cerebral provocada pela epilepsia, e apesar de persistirem no grupo tratado com neuroesferas, foi verificado que as células se distribuiram por todo o tecido cerebral, diferenciando-se principalmente no grupo epiléptico por pilocarpina. Portanto, as células-tronco neurais sinalizam potencial promissor na reparação de lesões e uma estratégia para a melhora de danos ocasionados pela epilepsia.