Avaliação do perfil de expressão gênica de promastigotas em cultura axênica de cepas de L. infantum de pacientes com doença grave e não grave.
Leishmaniose visceral, Leishmania infantum, Fatores de virulência, RNA-Seq, Expressão de gene.
A leishmaniose visceral (LV) é causada pelas espécies Leishmania donovani e Leishmania infantum e clinicamente, a doença apresenta desfechos variáveis, cursando da forma assintomática à doença grave e fatal, principalmente se não for tratada. A febre, perda de peso, pancitopenia e hepatoesplenomegalia constituem os principais sintomas desta síndrome que imunologicamente, apresenta um perfil variado de resposta Th1/Th2.Vários fatores relacionados com o hospedeiro e o parasita são considerados importantes para o estabelecimento da doença, e os fatores de virulência desenvolvidos pela Leishmania, destacam-se como meios que facilitam a permissividade da invasão e o crescimento destes organismos nos hospedeiros. Atualmente existem diversas tecnologias que permitem o sequenciamento do DNA em larga escala, sendo a técnica de RNA-Seq, através da plataforma Illumina HiSeq2500, utilizada neste trabalho. Um total de 24 amostras de promastigotas de Leishmania infantum de pacientes previamente classificados como grave e não grave foram sequenciadas gerando 354,4 milhões de reads (100pb) por amostra. Ferramentas de bioinformática para trimagem (trimmomatic), mapeamento (TopHat), montagem (Cufflinks) e cálculo da abundância dos transcritos (FPKM/RSEM) foram utilizadas. Neste experimento foi gerado um total de 11809 transcritos únicos e 8331 genes mapeados pelos transcritos em relação ao genoma de referência. A expressão diferencial dos genes foi determinada através da abordagem que utilizou o método do pacote DESeq em R/Bioconductor. De acordo com nossas análises, a expressão diferencial entre os grupos grave e não grave não mostrou diferenças na expressão dos genes, no entanto, foram identificados genes diferencialmente expressos, em um subgrupo com 4 pacientes, selecionados pelos escores de gravidade dos extremos da tabela de classificação dos 24 pacientes. Os 20 genes diferencialmente expressos que mais se destacaram são: beta tubulinas (LinJ.08.1280), Hsp 83 (LinJ.33.0370), Histona H1 (LinJ.27.1070), H2B (LinJ.19.0030), H3 (LinJ.16.0610 ) fator de alongamento 1α (LinJ.17.0100), proteínas hipotéticas(LinJ.23.0130), RNA ribossomal 28S (LinJ.27.rRNA4), ATPase de translocação do cálcio (LinJ.04.0010), proteína flagelar de ligação ao cálcio (LinJ.16.0930) e transportador de glucose-1(LinJ.36.6560). Vários desses genes já são discutidos como possíveis fatores de virulência e de resistência a drogas leishnmanicidas. Estudos futuros serão necessários para uma análise mais ampliada da correlação entre esses genes e o desenvolvimento da LV, contribuindo com o conhecimento sobre a patogênese desta doença e gerando meios para o desenvolvimento de estratégias que intervenha no processo infeccioso e auxilie no controle e erradicação desta doença.