Nos últimos anos, os polímeros naturais, em destaque os polissacarídeos, têm sido utilizados na composição de hidrogéis para a aplicação em engenharia tecidual. A utilização de hidrogéis como suporte mecânico serve para orientar a organização celular, atuando também como estrutura de preenchimento de vazios entre tecidos, além de serem usados como depósitos ativos de fármacos em sistemas de liberação de lenta. A associação entre um polímero e uma nanocerâmica promove uma melhoria significativa nas propriedades de um nanocompósito de matriz polimérica, além de manter a característica biodegradável do composto. O objetivo deste estudo foi caracterizar e avaliar a capacidade de um nanocompósito polimérico, composto por um hidrogel a base de um biopolímero vegetal associado à uma nanoargila modificada (NaGm), em apresentar propriedades físico-químicas e biológicas compatíveis para um scaffold a ser utilizado na engenharia de tecidos. Inicialmente, o biopolímero, obtido de derivado de uma Leguminosa, foi extraído, purificado e caracterizado físico-quimicamente e por IFTIR, e estudo de fotoestabilidade. O polissacarídeo extraído serviu como matéria-prima para a obtenção do hidrogel base (Hgb) na concentração de 10 mg/mL e do hidrogel com a nanocerâmica NaGm na concentração de 1,5% (m/v) (Hgb/NaGm). Posteriormente, os hidrogéis Hgb e Hgb/NaGm, foram caracterizados por meio da avaliação de pH, condutividade, potencial zeta, MEV, análises texturométricas e reológicas. Foram conduzidos, ainda, os ensaios de proliferação e citotoxicidade, além de hemocompatibilidade, microbiológico, e de mucoadesividade. As propriedades físico-químicas do biomaterial avaliado mostraram a viabilidade do nanocompósito polimérico de ser utilizado como um arcabouço tridimensional. Na avaliação do efeito proliferativo dos hidrogéis, em células de Allium cepa, não foi observada inibição da atividade mitótica nas concentrações utilizadas. Os ensaios de citotoxicidade em linhagem de fibroblastos (L929) e queratinócitos (HaCat) demonstraram não haver inibição do crescimento celular, nem alteração morfológica nas duas linhagens celulares utilizadas. No ensaio para a avaliação da hemocompatibilidade dos hidrogéis, não foi detectado formação de halo de hemólise. As formulações mostraram atividade antimicrobiana contra as cepas de S. aureus, E. coli e E. faecalis. Foi observado, ainda, que os hidrogéis apresentaram propriedades mucoadesivas atrativas. Com base nos resultados obtidos, os hidrogéis Hgb e Hgb/NaGm mostraram-se promissores para o desenvolvimento de dispositivo que favoreça a proliferação celular e, também, como um sistema de liberação lenta de ativos, além de apresentarem atividade antimicrobiana intrínseca do biopolímero regional, cuja ação pode auxiliar potenciais scaffolds na resolução mais rápida de lesões teciduais.