A pasta de óxido de zinco e eugenol (OZE) é tradicionalmente utilizada em Odontologia em muitas funções, principalmente para obturação de canais radiculares de dentes decíduos, sendo indicada pela Academia Americana de Odontopediatria. No entanto, ainda são relatados insucessos após seu uso, atribuídos à persistência da infecção polimicrobiana que afeta o sistema de canais radiculares. Embora o eugenol tenha comprovadamente efeito antimicrobiano, são necessários mais estudos que abordem sua ação sobre desafios bacterianos como agregados planctônicos e biofilme maduro. Sendo assim, o objetivo deste estudo foi avaliar o efeito da pasta OZE sobre agregados planctônicos e biofilme de E. faecalis, focando em seus aspectos morfológicos, após o tratamento. A pureza do eugenol foi analisada por cromatografia gasosa acoplada a espectroscopia de massas (CG-EM), bem como a pasta OZE e seus componentes separados caracterizados por espectroscopia na região de infravermelho (FTIR). O teor de eugenol liberado pela OZE em meio aquoso foi obtida através de espectrofotometria em ultravioleta (UV – VIS), após 6 e 24h. O efeito antimicrobiano da OZE sobre agregados planctônicos de E. faecalis (APEf) foi avaliado a partir de teste de contato direto por 6 e 24h. Quanto ao biofilme maduro (BMEf) formado por 14 dias, foram realizadas a análise do efeito da OZE sobre a biomassa do biofilme, por teste colorimétrico de cristal violeta, e sua viabilidade, por contagem de unidades formadoras de colônias. Para a análise das alterações morfológicas causadas pela OZE sobre APEf e BMEf formado sobre dentina bovina, foram obtidas imagens de Microscopia de Força Atômica (MFA). O eugenol utilizado foi considerado puro pela análise de CG-EM. A caracterização por FTIR determinou que existe interação entre o óxido de zinco e o eugenol na mistura da OZE. A concentração de eugenol liberado pela OZE em meio aquoso foi de 61,27 mg/mL e 118,96 mg/mL, após 6 e 24h, respectivamente. Quanto ao efeito antimicrobiano sobre APEf, após 6h foi possível comprovar o efeito bactericida da OZE e após 24h, não havia qualquer viabilidade. Já em relação ao BMEf, houve redução significante quanto ao conteúdo de biomassa em comparação com o biofilme não tratado. As imagens de MFA revelaram menores aglomerados de APEf e células visivelmente mais rugosas após 6 h de tratamento e perda da morfologia celular típica após 24h. O biofilme tratado apresentou similaridades morfológica entre controle e tratado. A OZE tem potente ação bactericida sobre agregados planctônicos e biofilme de E. faecalis, apresentando importantes alterações morfológicas após o tratamento de agregados planctôni